domingo, 2 de agosto de 2009

Peregrinação a Fátima - 7ª Etapa


Domingo, 11 de Maio de 2008. Caranguejeira -> Fátima


Embora esta etapa fosse muito curta, nem aos 20 km chegava, saímos por volta das 2h.30 de Fátima de modo a nos juntarmos aos peregrinos que tinham pernoitado na Caranguejeira. As carrinhas iam cheias , muitos peregrinos de última hora se tinham juntado ao grupo, eram familiares de peregrinos que iriam fazer esta última etapa connosco.

Após o grupo reunido, partimos rumo a Fátima, as 3 horas da madrugada já tinham passado, o nosso ritmo de caminhada era um tanto ao quanto pachorrento, estava toda a gente já em plena descompressão. Talvez por isso mesmo a paragem para o pequeno almoço foi efectuada ainda dentro da Caranguejeira e que movimento aquela hora !, parecia hora de ponta. O movimento de peregrinos era intenso, também estavamos mesmo perto de Fátima.

Após o pequeno almoço prosseguimos a caminhada e começamos a efectuar paragens, paragens essas que eram as estações da via Sacra. O caminho começou a ficar muito ingreme, felizmente a manhã não estava quente, bem pelo contrário, o tempo ameaçava chuva.

Em cada estação os peregrinos podiam falar , mas poucos se atreviam a fazer, notava-se que toda a gente estava ansiosa era por chegar, por isso quanto menos se demorasse em cada estação melhor. No entanto numa ou noutra estação sempre havia algum peregrino ou familiar que partilhava com o grupo algumas coisas e isso começou a criar um ambiente em que os niveis emocionais ficaram em niveis elevados.

Na frente do grupo ia sempre a cruz que nos tinha acompanhado desde a partida e um cirio pascal que ia trocando de mãos a cada estação. A Rosa, lider do grupo é que nomeava as pessoas que ficavam incumbidas dessa tarefa e a mim coube levar a cruz na 5ª estação.

A subida parecia não ter fim e a hora avançava rapidamente.

Foi em plena subida , mas já perto do seu final que vi aquela que seria a imagem mais marcante desta longa caminhada, vi um homem já de avançada idade, mas que não me atrevo sequer a alvitrar a idade do mesmo, a caminhar solitário, embora fizesse parte de um enorme grupo de Paredes. Os sinais de exaustão eram demasiado evidentes no rosto de tão fragil figura. Homem de estatura normal, mas muito magro, ele dava meia dúzia de passos e sentava-se alguns segundos, mais meia dúzia de passos e novo descanso..., ele devia estar nos limites. Não fossem as nossas paragens e talvez tivesse oportunidade de ver se o homem se aguentaria até ao final, assim não vi, espero que tenha chegado bem. Era demasiado esforço para o homem.

No final da subida paramos junto a uma igreja onde nos demoramos alguns minutos, ali falei com a Nelly que já me aguardava em Fátima e também falei com o Fernando. Dali até Fátima o caminho fez-se bem melhor, era muito plano, a terrivel e longa subida tinha ficado para trás.

Cada vez mais se adensava o movimento de peregrinos, nós seguiamos em grupo compacto, 2 a 2 na berma esquerda da estrada.

Já á entrada de Fátima falei com a Rosa na hipotese de não almoçar com o grupo e ir almoçar com a Nelly ao que ela sugeriu vir a Nelly almoçar connosco, assim seria.

Na rotunda da entrada de Fátima, formamos em fila de 3 elementos e fomos assim cantando até á entrada do santuário. A policia facilitou a nossa passagem, mandando parar o transito quando era necessário. Junto ao santuário efectuamos a derradeira paragem na derradeira estação, depois disso foi a entrada no santuário e com ela a libertação de muitas emoções e sensação acumuladas ao longo destes últimos dias, foi algo totalmente inesperado para mim, mas foi algo que surgiu espontaneamente, e o Luis bem que me tinha avisado disso mesmo. Esta derradeira etapa é arrasadora em termos emocionais.

Na entrada do santuário estava a decorrer o Adeus á virgem, que é um momento emocionante e também lá estava a Nelly á minha espera, acho que isso também ajudou a libertar toda a carga emocional que me preenchia. A Nelly tinha aparado o cabelo e os olhos dela brilhavam, estava linda.

A promessa estava realizada, senti-me mais leve, agora era hora de irmos para as freiras almoçar, já estavamos a ficar atrasados. Depois era o preparar as coisas para regressar a casa para descansar.

O almoço foi carne assada, após o mesmo o grupo começou a desfazer-se, alguns regressaram a casa, outros como eu ficaram lá para assistir na nova basilica á missa do peregrino e outros, poucos, ficavam lá para as cerimónias do dia 13.

Após a missa , partimos rumo a casa, com uma paragem na mealhada , primeiro no complexo 3 pinheiros onde mostrei á nelly o exterior do que tinha sido o meu quarto quando lá estive e de seguida fomos jantar leitão.

Ficou o enorme desejo de voltar a fazer a peregrinação com o mesmo grupo, talvez no próximo ano.

Para as contas finais, ficam os 21052 passos, que somados aos outros dá um valor muito próximo dos 210 mil. É muito passo e muitos foram certamente dados e não contabilizados.


1 comentário:

  1. A emoção é muita, emoção de ter conseguido, emoção do sofrimento ...
    Mas muitos parabéns por conseguir, á que acreditar até ao fim.....
    e a prova é mesmo essa.
    CONSEGUIU.... PARABÉNS!!!!!

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