quarta-feira, 22 de julho de 2009

Peregrinação a Fátima - 2ª Etapa


Terça Feira, 6 de Maio de 2008. S. João da Madeira -> Albergaria

O despertador acordou-me por volta das 2 horas, no quarto era uma sinfonia de roncos, toda a gente ressonava e eu certamente enquanto dormia também tinha ajudado á festa. Tomei um banho e saí do quarto com as tralhas todas. Desci para tomar o pequeno almoço. Pouco depois apareceu o Luís, ainda faltavam os dois veteranos. Aos poucos o pessoal foi-se cruzando na pequena sala onde se tomava o pequeno almoço. Eu pouco comi, foi um pequeno almoço normal para mim. Desci para a saída onde o pessoal se ia juntando. A partida estava marcada para as 3 horas. Era uma boa hora para começar a andar e a noite estava agradavel.

As dores do corpo quase que por magia ou obra divina tinham desaparecido, estava pronto para mais uma etapa que desta vez iria terminar em Albergaria, mas iria dormir á Mealhada, local onde terminaria a 3ª etapa, no complexo Três Pinheiros.

Fomos percorrendo algumas das artérias de S. João da Madeira que nos levariam até á nacional 1.

Como pelos vistos é norma nesta peregrinação, além do grupo ir compacto durante a noite, também se vai rezando um sem número de "Avé Maria". Eu que não rezo, de tanto ouvir cheguei a um ponto que já sabia a ladaínha de cor e salteado. Para

que a reza seja ouvida por todo o grupo usa-se um megafone que ao que parece é um pouco pesado, de tal modo que o pessoal se ia revesando para levar o aparelho. A voz quase sempre era a de uma mulher que deveria ser das mais velhas do grupo, a D.Tininha, assim era conhecida e que mais tarde vim a saber ser tia de uma minha ex. professora de biologia no 12º ano.

Para ela dar alguns momentos de descanso á voz, havia um ou outro elemento do grupo que cantava alguma música de cariz católico.

Tais acontecimentos processavam-se durante a madrugada inicio da manhã, eu sinceramente acho que aquilo deveria ou poderia incomodar quem estava a dormir, em variadissimos momentos passavamos em areas residenciais, então quando um elemento conhecido no grupo pelo "Chico" cantava ... , o tom de voz dele era muito forte.

Confesso que com o aparecimento do dia e consequentemente o fim das rezas me sentia mais "aliviado" pois acabava o barulho e não se incomodava ninguém que estivesse a dormir.

A primeira fase desta etapa terminou junto ao acesso á nacional 1. Desta vez ou nós andamos pouco ou o dia nasceu bem mais cedo, achava eu.

Logo no "arranque" para a segunda fase da etapa o grupo ficou todo partido em pequenos grupos, devido á longa e ingreme subida.

Na frente ia o Engº Miranda como sempre,eu até achava que ele via aquilo como uma espécie de competição, não gostava de ver ninguém á sua frente, logo na rectaguarda seguia o enfermeiro e depois o restante pessoal, eu e a Cristina iamos bem próximos dos lideres do grupo, mas nunca chegamos a ser primeiros, nem passavam por aí os nossos objectivos. Logo atrás de nós vinham duas mulheres, uma delas era baixinha e devia ter uma idade respeitavel, a outra que de aspecto deveria ser bem mais nova, levava uma pequena mochila que tinha no seu interior uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, era uma outra particularidade desta peregrinação, a imagem de Nossa Senhora, mas não ficavamos por aqui, também era transportada por alguém do grupo uma pequena cruz em madeira,

durante a noite a cruz ia sempre na cabeça de pelotão, depois ia com quem a quisesse levar.

A caminhada passou a ser a quatro, eu a Cristina e as outras duas, fomos palmilhando a estrada, passo a passo fomos encurtando a distância.

Numa ou noutra recta ainda nos era permitido avistar algum elemento do nosso grupo que estava mais adiantado. No cruzamento superior com a IP5 a Nelly mais uma vez me ligou a saber como estava a decorrer a etapa, ligou numa fase em que na estrada decorriam obras e com o barulho da maquinaria por vezes era um pouco complicado entender o que ela dizia. Quanto a telefonemas a Nelly e o Fernando ligavam todos os dias logo nas primeiras horas da manhã.

Estava um dia quente, bem quente, o movimento de peregrinos era nulo no que a outros grupos dizia respeito, estava á espera de ver muito mais gente na estrada. Nós continuavamos a andar para terminar mais uma etapa, etapa que até estava a correr muito bem, de tal modo que bem perto do meio dia a concluimos junto ao café "Pagas Tu", é um café que fica numa zona em que a estrada desce um

pouco. já lá estavam a meia dúzia de elementos que sairam á nossa frente, mas a nossa etapa tinha sido muito boa, eu sentia-me bem, embora um bocado cansado, deitei-me a descansar um pouco no chão e assim me mantive um pouco. Quando me tentei levantar senti-me subitamente muito tonto e fraco, voltei-me a deitar, enquanto isso, misturei um pacote de açucar no que restava na minha garrafa

de água, bebi. Quando me levantei ainda me sentia tonto e fraco, mas muito melhor que momentos antes. Com calma fui-me levantando e entrei no café, pedi um donut que verifiquei ao comer que já tinha sido fresco se calhar na semana anterior e bebi uma coca cola , achava eu que tinha sido uma quebra de açucar o que me tinha provocado aquilo. Enquanto eu estava no café, entraram duas peregrinas, que não pertenciam ao nosso grupo e pediram uma bebida que o homem não tinha, de uma forma muito baixa disseram que aquilo não tinha nada, o homem de uma forma simples, demonstrando humildade disse que não tinha pois não tinha saída, e ficou tudo por ali, mas a atitude das mulheres irritou-me. Depois de comer e beber voltei para o exterior e sentei-me no chão a descansar enquanto o restante pessoal ia chegando a conta gotas, no entanto chegaram todos bem mais depressa do que eu esperava. Como sempre a fechar o pelotão vinha a Rosa.

Enquanto o pessoal ia chegando , chegou também uma camioneta de passageiros , tinha uma placa que dizia "Atalaia", rapidamente me apercebi que era para nós, seria o nosso meio de transporte até aos Três Pinheiros na Mealhada.

Enquanto estava deitado vi a uns escasso dois metros de mim e por cima de umas coisas num canto, uma pele de uma cobra, até me arrepiei, ela tinha seguramente 1 metro de comprimento, fiquei alerta, mas por pouco tempo, pois com o pessoal todo ali, partimos para o nosso repouso.

Sempre tive curiosidade em conhecer o complexo dos Três Pinheiros, mas nunca tal se tinha proporcionado, desta vez ia lá passar não uma, mas sim duas noites, é que a etapa do dia seguinte terminaria ali.

Do café até aos Três Pinheiros a viagem foi rapidissima, de tal modo que achamos a etapa seguinte extremamente facil e rápida. Nos Três Pinheiros á chegada foi feita a distribuição dos quartos, eu fiquei num quarto com o Luís. Tomei banho e cumpri o que se tornaria um ritual após o banho, massajar pés e pernas com os cremes, depois ficava deitado na cama com as pernas levantadas encostadas na parede, mantinha-me assim até ir almoçar.

Almoço que foi no agradavel restaurante do complexo que se encontrava cheio, além dos peregrinos, estava lá uma grande comitiva de turistas, não sei porquê, mas fiquei com a sensação de serem russos, se eram ou não, não sei, sei é que tinha essa sensação.

Para o almoço deles veio leitão, vinha um leitão inteiro numa grande travessa, quando tal petisco deu entrada na sala, foi uma festa, todos os turistas queriam tirar uma foto junto daquele exemplar que seria de seguida devorado, eu comi feveras grelhadas, mas o leitão deu-me ideia do que seria o meu jantar, depois do almoço e apesar do ambiente ser de festa eu fui dormir, dormi até há hora do jantar.

Acordei na horinha para ir jantar, os intervalos da caminhada eram literalmente preenchidos a comer e a dormir nada mais se fazia.

Os turistas tinham abalado, a sala do restaurante era só para nós, também era cedo, ainda não eram 20 horas. Sentamo-nos numa mesa grande e redonda, além de eu, a Cristina e o Luís, tivemos mais três companhias femininas, uma delas estava a cumprir uma promessa e ia apenas a pão e água, não é fácil. Eu cumpri o prometido, atirei-me ao Leitão, o Luís também, o resto do pessoal, adiou o jantar, sairam para voltar após o terço, são opções, eu não o faria como não o fiz, quando elas voltaram já nós tinhamos jantado e eu recolhido ao

quarto a ver um pouco de televisão, para adormecer de seguida. O contador dos passos tinha parado nos 30555, era muito passo dado.


1 comentário:

  1. Todo o apoio é necessário e presumo bem vindo...
    Quando o grupo é bom , também ajuda a dolorosa caminhada....

    ResponderEliminar