terça-feira, 21 de julho de 2009

Peregrinação a Fátima - 1ª Etapa


Segunda feira, 5 de Maio de 2008. Valadares -> S. João da Madeira

O dia ainda mal tinha começado , estava eu a sair de casa para ir até Valadares, era o incio de uma longa semana. Seria o começar a “ pagar uma divida” que já tinha vários anos.

Cheguei ao local da concentração ainda não eram 2 horas da madrugada, levei o meu carro até lá e o meu pai que foi comigo trouxe o carro para casa.

O movimento era nulo, no entanto já lá estavam 2 carros com pessoal que depois verifiquei fazerem parte da peregrinação. Aos poucos o pessoal foi chegando , inclusivamente o Mesquita com a Cristina.

O pessoal concentrou-se todo, curiosamente o único atraso foi da lider, a Rosa.Entramos para o salão paroquial, era hora de fazer a chamada, dar os derradeiros conselhos e uma ou outra dica sobre como seria realizada a caminhada.

Distribuíram uns coletes reflectores, era obrigatório circular com eles vestidos, e durante a noite seriam de grande utilidade, já que a caminhada se realiza sempre na berma das estradas. Carregamos os sacos nas carrinhas de apoio, haviam duas carrinhas, ao que parece era uma inovação este ano, em anos anteriores as condições não eram tão boas.

Eu levava uma mochila carregada principalmente com roupa, seguia na carrinha, comigo ia uma pequena mochila que levava barras de cereais, alguns pensos, ligaduras, chiclets , levava também o pequeno saco com a máquina fotográfica.

No exterior o pessoal fez uma fila, formou dois a dois , estava na hora de iniciar tão longa caminhada que teria o seu términos no domingo seguinte no santuário de Fátima. O entusiasmo nos presentes era enorme, faltava saber como o pessoal iria reagir a todas e quaisquer adversidades que surgissem ao longo do caminho. Eu pelo menos pensava muito nisso, era a minha estreia,mas não o único, a esmagadora maioria dos peregrinos presentes são "veteranos" nas caminhadas eu e mais uns 3 a 4 casos éramos novatos.

No dia 25 de Abril, realizou-se uma reunião entre a organização liderada pela Rosa e a maioria dos peregrinos, além do pagamento do alojamento foram dados conselhos que se viriam a revelar de grande utilidade para a caminhada.

Iniciou-se a caminhada, o pessoal parecia que queira chegar no mesmo dia a Fátima tal o ritmo imposto e com a agravante dos km iniciais serem feitos com a estrada a subir, embora a subida não fosse muito acentuada, sempre subia.

Andava por zonas totalmente desconhecidas para mim e já me estava a sentir cansado com o ritmo imposto pelo pessoal, felizmente realizamos uma pequena paragem numas bombas de gasolina. A Bomba ainda estava fechada, mas o pessoal acampou por ali para comer qualquer coisa e alguns para libertar a bexiga do aperto que sentiam. Não foi o meu caso, eu estava bem por agora. Comi uma maçã. A organização fornecia fruta e água durante a caminhada.

Continuamos o nosso caminho, a primeira etapa iria terminar em S.João da Madeira no hotel "AS", mas durante o caminho eu nem pensava nisso, afinal a caminhada ainda tinha poucos passos dados. O grupo seguia compacto e ordenadamente sempre na berma da estrada, era uma regra de ouro, durante a noite o grupo seguia compacto e sempre em grupo de 2 a 2 ou em casos extremos em fila indiana, mas nestes casos que seriam raros, era devido á estrada em que se seguia.

Perto dos Carvalhos,na estrada que passa por cima da auto estrada, fizemos mais uma paragem, era uma paragem apenas para o pessoal urinar. Aqui, o Luís, que é primo da Cristina perdeu a lanterna dele, mas rapidamente se encontrou a mesma. A lanterna é uma peça também de grande utilidade para a caminhada nocturna. Foi distribuído um pão a cada membro da caminhada e alguns rebuçados para fornecer calorias.

Ao passar nos Carvalhos cruzamo-nos com um outro grupo de peregrinos, não tão grande como o nosso, o nosso andava na ordem dos 50 a 60 elementos. Mas rapidamente perdemos o outro grupo de vista, seguíamos caminhos diferentes. Nós nos Carvalhos andamos por ruas interiores enquanto o outro grupo seguia pela nacional 1, nacional 1 onde iríamos sair mais á frente e de novo, nova paragem para mais uma vez o pessoal urinar. Não fossem essas paragens e certamente o ritmo da caminhada seria outro.

A escuridão da noite tinha dado lugar a um soalheiro dia, adivinhava-se um dia quente. A paragem seguinte foi efectuada num café na zona de Grijó, o pessoal decidiu parar para tomar o pequeno almoço. O local escolhido não era o que estava previsto, mas esse encontrava-se fechado para descanso do pessoal, arranjou-se uma alternativa. Eu aproveitei para ir ao Wc, tinha chegado a minha vez.

A paragem para o pequeno almoço termina uma fase da caminhada e inicia uma outra, a primeira é efectuada com o grupo compacto a segunda é livre, cada um vai ao ritmo que quer ou que pode. Eu segui com a Cristina fomos os dois juntos na segunda parte do percurso, não éramos os primeiros, á nossa frente seguiam umas 5 pessoas que rapidamente deixamos de avistar.

A Cristina precisa de parar frequentemente para urinar, achava curioso como ela ingere tão poucos líquidos e urina com muita frequência.

O único problema que eu via nessas paragens era a quebra notória no ritmo e com o acumular da fadiga muscular, o retomar da caminhada custava um pouco.

O movimento de peregrinos embora não fosse muito, pelo menos para o que eu esperava, já se fazia sentir ao longa da estrada, alguns notava-se que iam em grupos organizados, outros pareciam ir isoladamente.

Ao longo do percurso as carrinhas de apoio iam acompanhando o pessoal, forneciam fruta e água á vontade do peregrino e também guardavam o que o peregrino quisesse , o normal era uma ou outra peça de roupa que começava a atrapalhar.

Entre as 11 e o meio dia estávamos nós a dar por terminada a nossa primeira etapa. A fadiga muscular era muita, ansiava por um bom banho e descansar, fome não sentia.

Na frente do hotel sentados num banco estava o pequeno grupo que partiu á nossa frente, após a nossa partida do café ninguém nos ultrapassou, mas isso não era importante, aquilo não era competição, era peregrinação, no entanto quanto mais cedo chegássemos maior era o tempo de recuperação para a etapa seguinte.

Chegou uma carrinha de apoio, a que tinha os nossos sacos, depois disso tivemos luz verde para recolher aos quartos. Eu fiquei a saber que ia ficar num quarto com mais 3 homens, um deles o primo da Cristina. Como fui o primeiro a recolher ao quarto, tive oportunidade de escolher a melhor cama. A entrada no quarto era feita com cartão magnético.

Depois do banho deu para descansar um pouco, principalmente deitados com as pernas levantadas e saímos para almoçar num snack ao lado do hotel, a comida foi umas pequenas fatias de lombo assado, pouca coisa. Regressamos ao quarto agora para dormir.

Eu tinha duvidas se iria dormir aquela hora, mas depressa constatei que dormi e bem. De tal modo que o Luís chamou-me para irmos jantar, ainda não eram 19 horas.

Ganhei um outro andar, o corpo doía todo, uma perna para avançar, pedia licença á outra. Como eu estava ! Mas não era o único, os veteranos também estavam assim. A minha preparação para esta caminhada consistiu em 2 ou 3 sábados fazer umas caminhadas na areia da Torreira a S.Jacinto,e durante sensivelmente uma semana fazer o percurso de casa -> trabalho -> casa a pé. Certamente ajudou, mas talvez fosse bom ter caminhado mais.

Para jantar fui com a Cristina e o Luís, a nós juntaram-se o David e a Kátia que iam visitar a Cristina, do grupo também se juntaram o enfermeiro, cujo nome não sei, toda a gente o tratava por enfermeiro e o senhor Joaquim, devia ser das pessoas mais velhas do grupo.

Eu comi costeleta de vitela grelhada, estava bom, por acaso comi bem e nem foi caro. Depois disso e ainda não eram 20 horas regressamos oa hotel.

Muitos dos peregrinos reunem-se num quarto para rezar o terço, a Cristina e o Luís foram, eu fui directo para o quarto descansar.

Fiz mais umas massagens ás pernas e aos pés com os cremes que a Nelly me tinha dado, de seguida estiquei-me para descansar.

O pequeno aparelho que comprei para me dar uma contagem dos passos, marcava 37995. O Rigor da contagem não era garantido, mas sempre dava uma ideia e em caso de erro seria por defeito, nunca em excesso.


1 comentário:

  1. Sem duvida que é preciso coragem , e muito espírito de sacrifício...para fazer este caminho...
    Mas também acredito que seja uns momentos únicos...momentos dolorosos, momentos menos dolorosos, momentos de reflexão, momentos que pensamos na nossa vida...que por motivos vários nos faz pensar...e cumprir o objecto até ao fim...É PRECISO TER FORÇA!!!!que se ganha á medida que cada quilometro fica para trás...

    ResponderEliminar