terça-feira, 28 de julho de 2009

Peregrinação a Fátima - 3ª Etapa


Quarta Feira, 7 de Maio de 2008. Albergaria -> Mealhada

Mais minuto. menos minuto, ás 2 horas estavamos a pé, um bom banho para despertar e fomos ao pequeno almoço. O pessoal ia chegando aos poucos, alguns ainda muito ensonados, mas a etapa parecia ser pequena, pelo menos eu estava convencido disso, apesar de no nosso guião os kilometros rondarem os mesmos numeros dos dias anteriores. Após o pequeno almoço fui ao quarto buscar os sacos, estava pronto para partir, a camioneta também já lá estava para nos levar ao exacto local onde nos tinha apanhado na véspera. Até a camioneta e o motorista eram os mesmos. Naquele compasso de espera, estavamos a caminhar para as 3 horas, chegou ali um grupo de 3 peregrinos, 1 mulher e dois homens, o cansaço estava bem estampado nas suas faces, iam ali pernoitar.

Partimos para Albergaria, o trajecto que na véspera foi rapidissimo, desta vez estava a demorar imenso, comecei a ter a real noção da longa caminhada que teriamos pela frente. Durante a viagem foi efectuado um peditório para agradecer o gesto do motorista, ao que parece estava ali por carolice, rendeu 60 euros.

Chegados ao local da partida, rapidamente demos inicio á caminhada, sempre na berma da estrada.

Um bocado á frente desviamos para passarmos no centro de Águeda, chegamos lá estava o dia a substituir a noite e com uma ou outra paragem para libertação de liquidos.

No centro de Águeda, no local onde paramos, estava uma certa concentração de pessoal,e não apenas do nosso grupo, começavamos e encontrar mais peregrinos. Devido a isso eu nem entrei no café, comi uma maçã e uma barra de cereais que levava, era o meu pequeno almoço. Logo que a Cristina se despachou, arrancamos, já o Miranda ia longe com um pequeno grupo , nós também partimos. logo após a

passagem do rio, vimos um acampamento de apoio a peregrinos, parecia ser da cruz vermelha, mas fiquei na duvida. Desta vez não tinha apenas a companhia da Cristina, mais duas mulheres se tinham juntado a nós na hora da partida e o Luís, elas não tinham o nosso ritmo e isso emperrou bastante o nosso andamento, mas nada podíamos fazer.

O movimento de peregrinos começava a ser visivel na berma da estrada, o apoio também se ia vendo pontualmente. O tempo passava e não se vislumbrava o final da etapa, nem tão pouco uma placa indicativa com a distância para a Mealhada. Comecei a sentir-me cansado, fomos apanhando algumas das pessoas que partiram á nossa frente, estavam exaustas, e eu também começava a dar sinais disso. Estava

a ser uma etapa extremamente desgastante, e eu que previa facilidades... como me tinha enganado, estava a ser o oposto.

Sentia e sabia que estava a poucos quilometros da Mealhada, mas naquela fase um insignificante quilometro já demora uma eternidade a percorrer.

O meu maior receio nesta caminhada prendia-se com a capacidade de resposta que os meus joelhos, principalmente o esquerdo, dariam a tamanho desgaste, temia que não viesse a aguentar , mas nas duas primeiras etapas estava tudo muito bem, mas nesta o joelho direito começou a doer, uma dor que incomodava bastante de tal modo que a partir de um momento e por virmos sempre a controlar quem vinha connosco para não deixarmos ninguém para trás, eu disse á Cristina que se eu parasse, já não arrancava, nem rodopiar o corpo sobre os joelhos podia pois a dor não deixava. Desse modo abrandei a velocidade da caminhada de modo a não deixar a Cristina sozinha e segui sempre ohando para a frente. A sede também foi muita, "salvou-me" um carro particular , um volvo preto, com duas mulheres e uma criança de colo, elas andavam a distribuir água e sumos compal pelos peregrinos de forma gratuita, é de louvar a atitude destas pessoas, já não direi o

mesmo pelo facto de terem ali uma criança que era bébé, o tempo estava quente para andar ali com a criança, de qualquer modo o compal que me ofereceram foi o que me safou para o resto da etapa, o nosso carro de apoio não se via há muito tempo.

A ansiedade para chegar já me dominava completamente, e nunca mais via a entrada do complexo. Finalmente chegamos ao complexo, a ligiera subida para a recepção com escadas foi o que acabou com parcas energias que ainda possuia, senti-me preso por arames, acho que não aguentava muito mais, estava exausto e doía imenso o joelho direito. De qualquer modo terminamos a etapa bem mais cedo que as anteriores, creio que por volta das 11 horas. Era sem dúvida a pior etapa até ao momento, psicologicamente não me tinha preparado para tamanho desgaste. Certamente que a culpa não foi delas, mas o vir com mais gente, com um ritmo incerto prejudicou imenso a caminhada, a Cristina tem um ritmo certinho, anda-se bem com ela.

Desta vez não fui logo para o banho, deitei-me na cama a descansar e só ao fim de algum tempo é que tive forças para ir ao banho, sentia o meu joelho direito muito preso, tive dificuldade em entrar na banheira. Com o banho tomado retomei o ritual do costume, massagens e descansar mais um pouco a fazer horas para o almoço.

O almoço foi mais uma vez no restaurante do complexo, desta vez fui para Arroz á Valenciana, gostava da confecção da comida ali, para beber fui na cerveja, mas teve que ser Sagres , não tinha Super Bock.

Terminamos o almoço perto das 2 da tarde e muitos peregrinos ainda não tinham chegado, eu voltei para o quarto , fui dormir, enquanto o dia no exterior

convidava a explorar a região.

Ao final da tarde o Luís foi para o terço, eu fiquei esticado na cama a tentar dar o máximo de descanso ao joelho, pouco depois vieram ao quarto chamar-me , iam fazer-me uma massagem e colocar um joelho elástico. Enquanto me faziam a massagem estava o pessoal naquele largo a rezar, o dia estava fantástico, por isso estavam todos no exterior.

Pouco depois estavamos na hora do jantar, o David e a Katia vieram de novo ter com a Cristina, estavam todos esperançados no leitão, mas não havia. Fiquei a saber que os restaurantes de leitão fecham á 4ª feira, bem fiz eu em comer na véspera. Eu fui para um misto de carne grelhada, comi bem, pouco depois voltei para o quarto, não sabia como ia aguentar a etapa seguinte, isso deixava-me um pouco preocupado, esta etapa foi terminada em grande sacrificio, como seria a seguinte !? essa era a grande dúvida. Em termos de passos os numeros revelavam uma etapa bem mais curta, marcava 24567 passos, era o oposto com o cansaço sentido, esse era enorme.


1 comentário:

  1. Realmente não deve ser nada fácil,provavelmente a fé , a fé que nos dá força para continuar o caminho..seja ele qual for...e acreditar sempre que somos capazes.
    Neste caso, é assim mesmo que temos que pensar.. pois o caminho é muito doloroso exigindo muito esforço físico.. mas nada como a força de vontade ajude a terminar com sucesso...

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