quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Férias 1996 - Açores - S.Miguel - A Minha Terra II


3 de Setembro de 1996, era o meu primeiro dia a sério na ilha, por volta das 11horas tinha que me encontrar com a minha guia improvisada pelo Luís, a Paula. Como a noite para mim foi “curta” , foi preciso o Luís vir acabar com o meu sono. Enquanto o Luís foi levar a Ana Maria á escola e a Nani ao colégio, eu tomei banho e o pequeno almoço, quando o Luís voltou a casa já eu estava pronto, saímos , fui com ele para “EDA” Empresa de Electricidade dos Açores, antes de entrar na empresa o Luís foi tomar um café , é um viciado no café. Após esse café , fomos para a empresa, o Luís para trabalhar eu para passar o tempo até á hora marcada com a Paula, e também fiquei a saber as funções que o Luís desempenha na empresa.

Quando estava na hora combinada com a Paula, viemos para a rua , a Paula chegou logo. Parti para o meu primeiro passeio pela ilha , fomos a um local que é um cartão de visita da ilha e de todo o arquipélago, a Lagoa das Sete Cidades, de Ponta Delgada até á Vista do Rei, as estradas estão em bom estado, pelo caminho apanhamos um camião cheio de um material que não me lembro como se chama nem para que serve , apesar da Paula me ter dito, apenas me lembro dela dizer que era escorregadio, foi um problema , não dava para o ultrapassar e tivemos que o aguentar durante um bom bocado. Chegados ao miradouro da vista do rei, a paisagem é simplesmente fabulosa, no fundo não foi surpresa para mim , visto que toda a gente já conhece a lagoa nem que seja pela televisão, mas ver In loco é diferente. Neste local está situado um edifício que parece já foi um hotel, mas por pouco tempo, é pena que um edifício daqueles esteja abandonado, ainda por cima está enquadrado na paisagem, se ainda fosse uma aberração … .

Depois de umas fotos para recordação, e de bem memorizada toda aquela maravilha da natureza, iniciamos a nossa descida ,o caminho é em terra batida, incompreensivelmente. O percurso é extremamente belo e mais belo deve ser quando está tudo florido. Problema é se cruza um peão com um automóvel , o peão fica cheio de pó, descemos até bem juntinho da água , com mais uma ou outra paragem antes de chegarmos á lagoa, paramos num outro miradouro e tentamos ver uma outra lagoa , que está quase que inacessível ao público.

Quando chegámos á ponte que divide as lagoas , fiquei surpreendido com a profundidade da lagoa naquele local, era de 10cm sensivelmente . Fomos para a lagoa azul, é maior que a verde, andamos por todos os locais que nos foi possível, mais umas fotos. É admirável o sossego nestas paragens , será que existe melhor terapia para o stress, do que passar uns dias neste local ?. Fomos até á Baía do silêncio, esta já pertence á lagoa verde, por aqui vi um rapariga a estudar, eu não conseguia , com tanta tranquilidade eu começava a divagar, como também vi alguns campistas. Neste local pode-se ouvir o “silêncio”, a ausência de ruídos humanos é admirável , o silêncio só é rompido quando algum pássaro começa a cantar. Estou no paraíso, mas tínhamos que continuar, muita coisa tinha para ver, fomos até á vila ou aldeia das sete cidades para fazer aquilo que eu quando ando a passear nem me lembro, almoçar. A Paula é que conhecia aquilo ,indicou o restaurante “Arado” , o empregado devia ter mais bigode do que eu cabelo na minha cabeça. Comeu-se bem, ainda ficou comida, a Paula deu um bocadinho a um gato que por lá andava, eu não gosto de gatos e uma miúda gordinha que lá estava acompanhada provavelmente pelos pais também não devia gostar, não dava descanso aos gatos. Para acompanhar a carne assada bebi 2 colas. Depois do almoço, fomos ver um túnel , que ao que me foi dito, foi construído no anterior regime, tempos de Salazar , com a finalidade de enviar água das lagoas para o mar. Neste local tinham algumas pessoas a fazer praia . Caso estivesse só, atravessava o dito túnel, eu gosto deste tipo de coisas, mas como estava com a Paula seria pedir demasiado. Pouco tempo depois abandonamos o local , fomos até um local chamado Mosteiros, antes de lá chegarmos passamos por locais extremamente belos , imensos locais de pasto , as vacas em locais quase inacessíveis, tudo muito verde e fundamentalmente tudo muito calmo. Calma era o que parecia faltar a um casal com quem nos cruzamos , parecia má a situação. Nos Mosteiros , fomos até junto do areal, nada de banho , apesar de dizerem que a água não é fria , eu tenho a sensação que ela é gelada, como tal nem as unhas penso molhar. A Praia é pequena mas jeitosa , como é característica dos Açores, a areia é preta. Cinco minutos por aqui se tanto e partimos de novo, para mim rumo ao desconhecido, começamos a subir, fomos a um miradouro , local onde se podia ver a zona dos Mosteiros. Neste local tínhamos a “companhia” de mais duas pessoas que chegaram até lá de bicicleta, tirei uma foto á Paula com a máquina dela ( espero que a foto tenha saído) e ela tirou-me uma a mim com a minha . Fotos tiradas e mais uma olhadela para os Mosteiros e partimos para um local que nem a Paula sabia bem onde ficava, julgo que se chama Ponta da Ferraria, se não é para mim, passa a ser. Com uma ou outra dica dada pelo João na véspera e com mais uma , de uma pessoa , com quem cruzamos na estrada, a Paula foi lá direitinha, a partir de um certo local é só descer, diz o ditado que a descer todos os santos ajudam, faltava saber como seria a subir. Este local é totalmente diferente de todo o resto da ilha, muito rochoso e a cor predominante é o castanho , contrariamente ao verde que pinta todo o resto da ilha. Tinha umas pessoas a fazer praia, outras a pescar. O Terreno era muito acidentado. É impressionante o contraste, mas mesmo assim é um local com a sua beleza, mas é uma beleza um pouco agreste.

Pensava eu que os passeios por este dia tinham terminado , mas não . De regresso a Ponta Delgada passamos por Feteiras, Ginetes e mais um ou outro local que me passou. Tirei uma foto a uma casa típica de S. Miguel, casa toda em pedra e pequena, pena é que não existam incentivos para restaurar casas deste tipo e incentivar a construção de mais. Ao chegar a Ponta Delgada como já disse pensava que tinha terminado o meu primeiro dia de passeio por estas terras, mas estava enganado. Depois de uma breve paragem em casa da Paula, eis que partimos novamente, mas desta vez , para o outro lado da ilha. Passamos num local de seu nome S.Roque , fica junto a Ponta Delgada, o que notei neste local, é a inexistência de passeios para os peões. Depois de S.Roque vem Lagoa, locais onde passamos , sem uma paragem. Logo á frente abandonamos a estrada e entramos numa á direita da que seguíamos, começou mais uma subida, entramos em mais zonas de pasto. Um pouco mais á frente, já bem lá em cima, mas ainda faltava subir mais, paramos um pouco para podermos ver a cidade de Ponta Delgada e os dois lados da ilha, foi pena o tempo estar ligeiramente encoberto , não dava para tirar fotos em condições aceitáveis. Continuamos até chegar aquele que pensava eu ser o ponto mais elevado da ilha , o pico da Barrosa, mas estava enganado, daqui podia ver a Lagoa do Fogo. Para a Paula esta lagoa é mais bonita do que a das Sete Cidades, eu não sei, são diferentes, mas penso que a das Sete Cidades, sai beneficiada pela paisagem que a envolve, enfim são gostos. Gostava de ter ido mesmo até junto da Lagoa, mas tal não era possível, por vários motivos , e também devido ao adiantado da hora. Mais umas fotos para mais tarde recordar a minha passagem pelos locais e descemos para Ribeira Grande. Na Ribeira Grande não paramos foi sempre a andar , desta vez o passeio tinha mesmo terminado. Da Ribeira Grande até Ponta Delgada existe uma estrada que liga as duas cidades do tipo via rápida. Chegados a casa do Luís , havia que fazer o relatório do dia, para também se poder programar o dia seguinte. Uma das observações do Luís é que não se deve ver mais do que uma Lagoa no mesmo dia, eu apenas vi duas. Depois do jantar , em que mais uma vez jantei eu e o Luís, porque a Ana Maria cuidava da Nani, fomos novamente ao supermercado Modelo, aproveitei para comprar laminas e creme para a pouca barba que me cresce. Quando chegamos novamente a casa , conheci mais um amigo do Luís, o Miguel, estava com a Paula no escritório a jogar um jogo do computador. Já o dia ia longo para mim, a noite tinha caído há já algumas horas, a Paula foi para casa , a Ana Maria dormir enquanto eu, o Luís e o Miguel fomos a um Pub.

Fomos no carro do Miguel , um Ford Escort. No Pub o Luís contou a história de um padre que foi professor dele na universidade e que julgo era do Porto, já não tenho a certeza. Uma historia deveras curiosa. Enquanto o Luís desenvolve a história eu bebo uma cerveja e fico por aqui, foi uma “Super Bock”, mas nem isso me fez pensar no continente, continuava alucinado.

No Pub havia música ao vivo, não era má , mas por vezes dificultava a conversa.

Lá para as 2horas, de uma forma simpática o empregado convidou-nos a pagar a conta, claro que conta paga vínhamos para casa, não íamos ficar por lá, assim foi. Sem nada previamente planeado, fomos dar uma volta pela cidade, também é importante conhecer uma cidade quando dorme, tem outro encanto, que o diga um indivíduo que encontramos com uma mulher, a fazer o quê não sei , mas facilmente se imagina, para ser abençoado o local também foi bem escolhido, junto a uma igreja. Mais volta menos volta, mais hora menos hora , chegamos a casa do Luís lá para as 4 horas, para mim não havia problema , para o Luís é que era tarde, porque ele não estava de férias. Desta vez também não precisei de contar nenhum carneiro, foi uma pressinha a adormecer.

1 comentário:

  1. Descrição perfeita, para quem não conhece só aumenta a curiosidade, e fazendo a associação á imagem ,deve sr divinal, dá mesmo vontade de ficar por lá.
    Deve ter sido mesmo fantástico..

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