domingo, 3 de maio de 2009

Tavira - A Partida

Sevilla, tinha chegado o grande dia, o dia que dava inicio a uma nova fase nas nossas férias.

Contrariamente ao que tínhamos planeado, não fomos para a praia de manhã, optamos por ir para Sevilla. Eu já não sentia todo aquele calor no corpo, embora se apanhasse sol agravasse a situação e hoje quem se sentia um pouco como me tinha sentido no dia anterior era a MJ, sentia problemas principalmente nos ombros, assim não indo para a praia, iríamos dar algum descanso à pele no que ao sol respeitava.

Depois de termos tudo arrumado e a tenda desmontada, abandonamos o parque, contrariamente ao que me acontecia em anos anteriores eu senti que desta vez apenas me estava a ausentar do parque por algum tempo, das outras vezes abandonava pensando quando ali voltaria. Talvez em Agosto volte lá, talvez com o João Pedro, mas para já tudo está no campo das hipóteses, nada tenho assumido, apenas ideias.

Na recepção entregamos a chapa identificativa e fomos para o cais, apesar de na saída do parque ter um recipiente para depositar os cartões de utente do parque, ambos optamos por guardar os nossos para mais tarde recordar.

No cais pouca gente tinha para apanhar o barco, a esta hora o normal é o movimento ser feito no sentido 4 águas /ilha e não o inverso, ou seja o que estávamos prestes a fazer . Além de nós recordo que estavam 3 raparigas e 1 rapaz e para mim as 3 eram irmãs pelo menos eram muito parecidas.

Funcionou como prémio, mas finalmente viajamos no barco grande, pelo menos desta vez havia mais espaço.

Na viagem para a ilha o barco trazia o homem que normalmente anda por ali a vender as tradicionais “bolinhas”, bolinhas que não são mais que bolas de berlim mas sem creme. Recordo um dia em que estava no cais da ilha esperando pelo barco para ir jantar a Tavira, quando um miúdo se virou para a mãe e disse que não havia “bolinhas”, uma miúda, que deduzi ser irmã , que não teria mais de 12 anos, respondeu rapidamente que bolinhas ali não faltavam, da forma como ela falou deu claramente a entender que as bolinhas que ela falava eram os testículos dos homens. Achei piada à reacção da miúda.

Comprei duas bolinhas, não que me fizessem falta, mas seriam mesmo para comer, uma para mim e outra para a gulosa destas férias, a MJ. Já sabia que no Algarve é sempre tudo caro, mas, 80 cêntimos por cada bolinha é um exagero . Mas paguei e não refilei, também não adiantava.

A MJ ia com uma camisola tipo top, branca, calça branca transparente em que era bem visível a calcinha branca, fio dental, vendo assim a calcinha parecia ser feita de elos unidos entre eles.

Demos inicio à viagem, tínhamos perto de duas centenas de km para fazer até chegarmos a Sevilla. Os meus planos consistiam ir pela nacional 125 até Monte Gordo, pois queria mostrar esta localidade à MJ e depois apanhar a Via do Infante ligando de seguida com a auto estrada já do lado espanhol que nos levaria até à capital da Andaluzia.

A gasolina provavelmente não daria para chegar a Sevilla, iria ter de abastecer o carro mas seria certamente em Espanha, sempre poupava dinheiro.

Em Monte Gordo não precisei parar, afinal já lá tinha passado com a MJ, assim ao chegar à rotunda que fica na entrada de Monte Gordo, voltei para trás e fui na direcção da Via do Infante e pouco depois estava em território de “nuestros hermanos”.

O ritmo de viagem era o mesmo que tinha marcado esta viagem até aqui, calmo. O dia estava quente , céu azul, o sol a brilhar e quente, bem quente.

Após passar a ponte sobre o rio Guadiana, entramos na auto-estrada que nos levava até Sevilla. A gasolina certamente dava para chegar a Sevilla, mas se tivesse hipótese de abastecer antes, seria melhor, nada como jogar pelo seguro. Era raro eu ultrapassar algum carro, o normal era ser ultrapassado. Gostava de “bater” aquela região logo a seguir à fronteira, creio que terá belíssimas praias e que também será uma zona tranquila, no ano passado o Rodolfo passou as férias de verão nesta zona e gostou, o meu pai ficou maravilhado, será certamente uma região a explorar numa futura oportunidade.

Relativamente perto de Huelva paramos num posto de abastecimento e enchi o depósito, a gasolina é bem mais barata, cerca 17 cêntimos mais barata por litro , é dinheiro.

A hora do almoço aproximava-se, é que aqui sempre era mais uma hora que na nossa lusa pátria, por isso começava a ser necessário encontrar um local para almoçar, não tinha nada em mente, provavelmente algum local junto à estrada que nos agradasse e esse local foi encontrado já mais perto de Sevilla do que Huelva.

Para chegar ao restaurante era necessário sair da auto-estrada e andar um pouco, analisando bem nem é preciso andar muito, mas na altura parecia bastante e isso estava a deixar-me irritado e já não estava a gostar muito daquilo, de tal forma que se soubesse que tinha de andar aquilo, não teria parado ali, só que se soubesse o que sei hoje pararia certamente, um pouco mais à frente se entenderá o porquê.

O dia estava sem dúvida alguma quente, tal como já tinha referido, mas apercebemo-nos bem do calor que fazia quando paramos o carro no parque de estacionamento do restaurante, estava um calor diabólico, até custava deixar o carro ao sol, mas não havia forma de o deixar a uma sombra. Em frente ao carro tinha uma porta que era uma entrada para um supermercado de artigos de pele e couro, depois do almoço daríamos ali uma volta, talvez encontrássemos ali coisas bonitas, boas e baratas, mas para já o que mais interessava era mesmo reconfortar o estômago e para isso teríamos de entrar na porta ao lado, que era a porta do restaurante.

A sala era grande e estava dividida em restaurante e “cafeteria”, fomos para o restaurante e fomos atendidos por uma empregada, cada mesa tinha um pequeno cartaz com a ementa, ali faziam o menu turístico e também se podia escolher dois pratos, assim a MJ pediu almôndegas e o outro prato que seriam as entradas foi espargado, eu fui numa salada de batatas para entrada, aquilo consistia quase no que chamamos de salada russa, não era igual, mas aproximava-se, estava bom, depois foram uns panados de cerdo que pelos vistos é porco. Quanto aos líquidos, eu fui para a água bem fresca, garrafa de 1,5 litros, assim poderia levar a que sobrasse, a MJ pediu um sumo de laranja e teve direito a um simples copo com sumo de laranja, estranhei hoje ela não querer ganhar terreno quanto à nossa disputa da cerveja. Dizer que a comida estava boa, pode ser repetitivo, mas era verdade, eu gostei e creio que a MJ também gostou, por isso estávamos satisfeitos.

O restaurante estava bem decorado, era diferente, tinha uns belos vitrais, coisa que a MJ muito aprecia e eu sempre que vejo vitrais lembro-me do meu amigo Luís, pois ele fez os vitrais que tem em casa, coisas de artista. Até os guardanapos eram diferentes, cor salmão para combinar com as toalhas de mesa e tinham estampado o nome e símbolo do restaurante , por isso a MJ decidiu trazer o dela de recordação e segui as pisadas dela, mas já tínhamos os nossos sujos por isso ela pediu ao empregado quando ele nos veio trazer os cafés “solos” que tínhamos pedido para terminar o nosso almoço, dois guardanapos e explicou que era para guardar. O empregado arranjou dois guardanapos limpinhos. Os cafés traziam um pequeno chocolate, até isso era diferente, não o facto de trazer o chocolate, mas o tipo. Eram pequenos e embrulhados num papel, com o desenho da cabeça de um boneco, o outro era de uma boneca. Como agora ando numa fase de evitar dentro do possível ( ou quando calha ) coisas que tenham muitas calorias e também como a MJ andava gulosa nestas férias, ofereci-lhe o meu chocolate.

Tal como tinha planeado quando ali cheguei, ao abandonar o restaurante e após colocar algumas coisas no carro que estava demasiado quente, fomos ao tal supermercado de peles. Na entrada tem um letreiro que pede para tocar à campainha antes de entrar, a MJ é que me chamou à atenção para esse detalhe, mas eu sou turista, eu quero lá saber desses detalhes, por isso continuei a entrar e também verifiquei que o empregado estava mesmo ali, por isso era desnecessário tocar na campainha, além de quando entravamos tinha um alarme que soava um suave toque anunciando que alguém tinha entrado, mas a MJ estava renitente em entrar sem tocar, mas lá a consegui convencer e finalmente entrou.

De facto muita coisa tinha para ver e para comprar, só que era preciso dinheiro, coisa que andava arredada dos nossos bolsos, eu tinha o visa só que também não me podia “perder”, de qualquer forma vi um artigo que me fascinou de imediato, os bonés, apenas tinha visto bonés de mulher, se a MJ gostasse e pensava que sim já que nos catálogos de artigos eróticos, os bonés foram um artigo pelo qual ela mostrou interesse, vi também bonés do tipo que eu queira, mas estes tinham emblemas na frente e eu queria um totalmente “limpo”, a MJ falou com o homem e ele lá foi buscar um, fiquei encantado, ia comprar um para mim e um para ela embora modelos diferentes. Tal como previa ela aceitou a minha oferta e creio que adorou. Outras coisas gostava de comprar para mim e para a MJ, mas não dava, talvez na próxima vez que ali passe, pelo menos agora vejo aquele local como que de paragem obrigatória.

Eu estava empolgado, o almoço tinha sido bom, comprei os bonés e a MJ adorava o dela, íamos à ilha mágica, íamos ao restaurante erótico e finalmente acabaríamos a noite no pub, previa um dia daqueles para mais tarde recordar, até ao momento estava tudo muito bom.



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