segunda-feira, 20 de abril de 2009

Genéve - A Chegada

O avião começou a andar na pista e pouco depois levantava voo, não ia cheio, nós íamos na penúltima fila do lado direito do avião, fila 21 lugares E e F, a MJ ia na janela.

Nas viagens de avião o momento sublime para mim é o momento em que sinto o avião a perder o contacto com o solo, para a MJ é o inverso, é quando sente o avião a tomar contacto com o solo no momento da aterragem, desta vez não senti esse gostinho na sua plenitude uma vez que ela no momento de levantar voo, levanta os pés do chão, e pediu para fazer o mesmo que ela, fiz porque pensava ser alguma superstição dela, mas não se tratava disso.

O avião era um Airbus A319, o nome já não sei. Foi uma viagem interessante, junto ás luzes e espaçado por duas ou três filas tinha uns pequenos monitores que davam indicações preciosas sobre o local onde estávamos a passar, a velocidade do avião, a altitude e a temperatura exterior, são coisas que eu gosto de saber e isso entreteu-me durante a viagem, nos intervalos dessas informações mostrava imagens de Portugal, do sul a norte passando pelas ilhas, foi interessante.

Também lemos as revistas e como este voo era internacional tinha vendas a bordo, ter coisas interessantes e bonitas tem, mas os preços são um pouco elevados.

Serviram uma refeição a bordo, eu pouco ou nada comi , não tinha fome.

Quando começamos a iniciar a descida para Geneve começaram os problemas para muita gente no avião, eu confesso que em nenhum momento tive medo, mas também confesso que das aproximadamente 15 viagens que fiz até hoje esta foi a pior aterragem de todas. Talvez não seja fácil aterrar ali, a cidade fica metida num vale, e devido ás correntes de ar frio aquilo deve provocar uma certa instabilidade, talvez por isso a aterragem tenha sido má, e depois teve outras coisas que eu não percebia bem, ele perdia altitude e logo de seguida ganhava de novo altitude, fiquei sem perceber o porquê daquilo, mas isso não impediu que muita gente no avião estivesse um pouco preocupada com a aterragem, até a MJ não estava bem, mas tudo acabou em bem, quando as pessoas sentiram que o avião já andava na pista devem ter respirado bem fundo.

Após termos abandonado o avião fomos tentar encontrar o local de recolha das bagagens, e isso parecia ser complicado. Naquele aeroporto tem zonas onde se misturam as pessoas que chegam e as que estão de partida, isso pode criar alguma confusão. Começava a aproximar-se a hora de lá ter eu de voltar a pegar do fundo do meu baú de cultura o pouco que sei de francês.

Chegamos à fronteira, tinha duas pessoas a atender e nós fomos para aquele que de aspecto nos parecia ser o mais simpático, só que quem vê caras não vê corações e isso veio a confirmar-se.

O tipo começou por me perguntar se eu falava francês, aqui talvez tenha cometido um erro, talvez fizesse melhor em dizer que não, mas optei por dizer a verdade e ele começou a fazer-me algumas perguntas sobre o que ia lá fazer, ao que respondi, foi rápido sobre o queria saber de mim, mais chato foi sobre a MJ, ele perguntou-me se ela vivia comigo ao que eu respondi que não tinha percebido, então o sacana faz-me a pergunta em espanhol e eu respondi, enquanto ele ia fazendo mais algumas perguntas, eu notei que ele na lapela do casaco tinha um pequeno pin que era uma bandeira do Brasil e chamei a atenção da MJ para isso. Ele parecia querer ter a certeza que a MJ regressava a Portugal de tal forma que me pediu o bilhete e eu entreguei o canhoto da viagem para lá, mas ele não foi na cantiga e pediu o bilhete de regresso, o tipo estava a ser exigente, ou talvez não, eu é que nunca tive de passar por esse tipo de interrogatório.

Finalmente dignou-se a deixar-nos passar e mais importante do que isso carimbou o passaporte.

Quando nos preparávamos para abandonar a MJ , ela virou-se para o guarda e disse algo como “bonito” apontando para o pin e não é que o sacana responde em bom português ? fiquei danado, ele esteve todo aquele tempo a fazer de mim um parvo qualquer, fez com que eu falasse francês quando podia perfeitamente ter falado português.

Bagagens recolhidas , era hora de abandonar o aeroporto e partir para o hotel, antes de abandonar o aeroporto passei pelo posto de turismo e pedi um mapa da cidade, iria dar imenso jeito nos próximos dias, pelo menos assim pensava eu.

Apanhamos um táxi, o motorista parecia não compreender o meu francês , ele também tinha aspecto de não ser suíço, deve ser imigrante de um país qualquer, mas lá acabamos por nos entender e ele levou-nos ao hotel Ibis na “ Rue Voltaire” . Pelo tipo de condução dele era uma pessoa nervosa, pelo menos aparentava isso pelo modo como conduzia.

Chegamos a Genéve já quase ao fim do dia de trabalho para eles.

Subimos para o quarto, era o 208, ficava virado para a rua. O quarto era agradável, tinha televisão com imensos canais e uma boa casa de banho.

Começamos por nos pôr à vontade. Demos uma pequena arrumadela ou desarrumadela seguindo-se um belo banho de imersão.

Hoje era dia de futebol nas Antas, o Porto jogava a meia final da taça de Portugal contra o Rio Ave, felizmente no hotel tinha a RTP Internacional, dessa forma poderia ver um pouco do jogo, ver o jogo na totalidade não daria , teríamos de ir jantar , no hotel não tinha restaurante, vi bocados da primeira parte, o resto do tempo estava ocupado a ver algumas coisas da documentação que eu tinha da cidade onde tínhamos acabado de chegar.

Ao intervalo decidimos sair e ir procurar pelas redondezas do hotel um restaurante, aos poucos a tarefa começou a ficar um pouco complicada, o horário na suíça tem diferença de mais uma hora do que em Portugal, por isso já eram perto das 23 horas locais quando nos dignamos a ir jantar.

Em frente ao hotel tem um restaurante italiano, mas eu não estava para ali virado e continuamos a nossa busca. Também perto do hotel vimos um local que nos servia na perfeição, o “Chez Pacheco” , era um restaurante lusitano, seria bom comer comidinha lusitana, seria, mas não foi, por incrível que pareça os tipos estavam mais interessados em jogar as cartas do que servir duas pessoas que tinham acabado de chegar a uma cidade desconhecida, o tipo que parecia ser o cozinheiro foi pronto a responder que já não servia nada porque a cozinha já estava fechada, merecia uma resposta, só que fomos mais dignos do que ele em não responder, não estávamos a mendigar nada , e depois queixam-se eles que são mal vistos pelos residentes em Portugal, tendo eles atitudes destas quando nós lá vamos que esperam eles quando vêm cá ? que sejam recebidos de braços abertos ? comigo não.

Continuamos a nossa busca, eu nem fome tinha.

Eu sempre que vou para cidades no estrangeiro que não conheço gosto de observar como se comportam os residentes para não tomar atitudes que me denunciem como sendo um estrangeiro, e disse isso à MJ quando estávamos para atravessar uma rua, esperamos pelo respectivo sinal verde.

Demos uma pequena volta e só víamos restaurantes Italianos, até que decidimos regressar ao hotel, talvez fosse possível comer lá alguma coisa. E quando estávamos a chegar ao hotel decidimos dar um saltinho a ver o menu do restaurante italiano, o “ Le Tirami-Su”, decidimos entrar, ainda tinha várias pessoas lá dentro, talvez aqui tivéssemos sorte. Quase tivemos, o empregado disse que aquela hora só serviam pizzas, a MJ comia então ficamos e pedimos creio que uma napolitana, eu não comia, não gosto de pizzas, mas ela pelo menos comia alguma coisa, para acompanhar uma garrafinha de água. Ao que parece a pizza não estava muito famosa, mas foi o que se conseguiu arranjar por hoje, ficamos a saber que era tudo caro na suíça, a pizza e uma garrafinha de água ficou perto de 2 700$00.

Embora a MJ não tivesse comido bem sempre tinha comido qualquer coisa, eu confesso que nem fome tinha, apenas sede, só que ela estava preocupada, queria que eu comesse alguma coisa e fez-me prometer que no hotel comeria qualquer coisa, eu prometi , mas ali ela ainda me foi dando um pouco da massa da pizza, massa sem queijo, eu comi um pouco, mas estava realmente sem fome.

Regressamos ao hotel, era só atravessar a rua, ficamos no bar a MJ a tomar um café, o primeiro por terras helvéticas, e eu comi um pequeno “gateaux” , era um pequeno bolo com um recheio gostoso.

Estava terminado o dia, era hora de subir para o quarto e tentar dormir, um longo dia nos aguardava, tínhamos uma cidade para descobrir, era um desafio fascinante.



2 comentários:

  1. Os primeiros dias é para acostumar os seguintes para habituar os restantes ,,,,,temos que ir embora!!!

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  2. Nunca tinha sintetizado desse modo as coisas, mas é a pura verdade

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