sexta-feira, 10 de abril de 2009

Madeira - A Pérola do Atlântico V

Quarta Feira, 10 de Junho de 1998.

Dia de Portugal e das comunidades, feriado nacional e também dia de um dos mais famosos escritores portugueses, “ Luís Vaz de Camões”.

O dia para nós começou bem cedo, eram 7h15m da manhã quando nos levantamos, mais um, intenso, dia nos aguardava, pelo menos era essa a minha previsão.

Depois de termos tomado o pequeno almoço no “nosso” apartamento descemos para a rua, estava a chegar a hora do inicio de mais uma jornada de passeio.

Desta vez sim, a camioneta era boa, é certo que existe muito melhor, mas tendo em conta tudo aquilo que nos tinha saído na anterior, era caso para desta vez estarmos completamente satisfeitos. A guia desta vez era uma mulher, “Maria Luísa” assim se chama ela, era uma mulher toda mexida e aparentava andar na casa dos quarenta a roçar o meio século.

Fomos junto da zona do Lido apanhar os últimos passageiros para esta longa viagem pela ilha.

Os últimos a entrar foram dois casais novos, dos quais eu não gostei do aspecto deles, mas podia ser que me enganasse a respeito deles. Como eles foram os últimos a entrar ficaram bem nas nossas proximidades e rapidamente me apercebi, que o meu palpite estava certo, eles ou se julgavam muito engraçados e se assim era quanto a mim estavam enganados, ou então todas as palhaçadas que faziam teriam o objectivo de chamar a atenção dos restantes passageiros e nesse ponto tiveram sucesso absoluto, toda a gente já reparava neles. Eles tinham aspecto de serem do norte do país, pelo menos a pronuncia assim indicava.

Durante o caminho fui notando que passávamos por locais onde existem algumas casas que devem ser dos notáveis da ilha, notava-se que era de gente que vive bem. Passamos num local chamado Poiso, ali cruzam várias estradas, e é simultaneamente um local bonito.

Um dos locais que constava do roteiro e que tinha maior destaque em relação aos outros era o Pico do Areeiro, um dos pontos mais altos da ilha, começamos a caminhar em direcção a esse local. Com algumas paragens efectuadas pelo caminho para se poder tirar mais algumas fotos, fotos que com um pouco de criatividade poderiam ficar fabulosas, tudo porque devido à altitude em que nos encontrávamos as nuvens já estavam num plano inferior, lá chegamos ao tão falado Pico do Areeiro.

Talvez devido à altitude a vegetação é rara por ali e o vento é forte e frio, devido à imensidão de nuvens a única coisa que se poderia ver era os picos das montanhas mais próximas e nada mais, como tal não sei o que mais se pode avistar dali.

O que por ali existe é um restaurante e, claro está, um batalhão de vendedores ambulantes. O meu pai ficou entusiasmado com uma toalha de mesa bordada, e sendo o bordado da Madeira uma coisa com valor ele decidiu comprar uma dessas toalhas, pagou 16 mil escudos por ela, mas ficou desiludido quando no hotel verificou a origem da mesma, tinha sido produzida na Lixa, ou seja, nada tinha a ver com a Madeira.

Depois da visita ao Pico do Areeiro, voltamos a fazer o caminho em sentido contrário até ao Poiso, e durante o caminho foi possível por breves instantes verificar algumas abertas nas nuvens e ver um pouco da cidade do Funchal. Apesar de não se efectuar nenhuma paragem ainda assim tentei tirar alguma foto do que se via.

Chegados de novo ao Poiso seguimos em direcção a Ribeiro Frio, eu sabia que já lá tinha passado na minha primeira visita à ilha e recordava uma só coisa do local, os viveiros de trutas para alem do frio.

Começamos a descer a montanha até chegarmos ao local onde efectuamos nova paragem, era Ribeiro Frio, a paragem foi dividida em duas partes pela nossa guia, deu cerca de 15 a 20 minutos para explorar a zona e depois quem pretendesse fazer uma pequena caminhada teria de estar ali de forma a sermos incluídos num grupo que ela mesmo iria liderar, assim o fizemos e muitos outros, felizmente quem o não fez foram os dois casais que tinham caído definitivamente na minha antipatia.

Depois de mostrar os viveiros de trutas ao meu pai, nada mais tinha para ver a não ser contemplar a beleza da zona e aguardar que se formasse o grupo para a caminhada.

Quando a guia apareceu, rapidamente se formou um grupo com cerca de 20 pessoas e partimos em direcção ao desconhecido. Penetramos no pinhal e fomos seguindo um caminho que estava em bom estado, ali não tinha acesso para veículos, só mesmo pessoas e a pé, eu estava a gostar daquilo , mas creio que quem estava mesmo na lua era o meu pai, ele continuava todo sorridente e com um brilho nos olhos, era bom sinal, já não me lembrava de o ver como o andava a ver nesta semana. Acho que tinha sido uma aposta ganha esta nossa viagem.

Durante o caminho que estava a ser efectuado em passo ligeiro, passamos junto a uma casa que está “perdida” no pinhal, e não podia deixar de ser, no exterior tinha uma pequena mesa onde vendiam algumas coisas alusivas à ilha, mas naquele caso eu até aceitava e compreendia, era uma forma de subsistência daquela gente e o que vendiam era artesanal.

Eu continuava a andar sem saber onde terminava a caminhada nem o que ia tentar ver, mas esse dúvida em breve foi desfeita.

Chegamos a um local chamado Balcões, ali existe um pequeno miradouro perdido naquele pinhal, está engraçado aquilo, esse miradouro fica numa rocha e nós fomos ali tentar avistar a ilha de Porto Santo, só que o nevoeiro não deixava ver nada a não ser uma camada espessa e branca que só nos permitia ver uma meia dúzia de metros à frente dos olhos, depois disso era tudo branco, e a ilha estava para lá dessa irritante camada. Foi uma tentativa frustrada de ver a ilha, no entanto nem tudo se perdeu, eu gostei de fazer aquela caminha, adoro andar e mais quando é pelo meio de pinhais.

Voltamos a Ribeiro Frio onde já estavam quase todos os que não tinham feito esta caminhada até aos Balcões, quem lá estava e começou a resmungar de

uma forma indirecta para a guia foram os dois casais de anormais, só que a guia inteligentemente nem troco lhes deu, deixou que eles se enchessem e acabassem por se calar, foi o que aconteceu.

Com toda a gente na camioneta, voltamos à estrada, nesta altura eu estava um pouco perdido, já não sabia o que ainda tinha para ver, como tal para mim tudo ia ser novidade.

Nesta altura andávamos pelo interior da ilha, tudo muito verde, era belo, o cenários era idílico, eu adoro aquelas paisagens.

A fome começava a fazer-se sentir e eu não sabia onde nem a que horas era o almoço, e notava-se que muita gente começava a sentir o mesmo, claro que as duplas de anormais falavam bem alto, aquilo já começava a roçar a falta de educação, felizmente ninguém lhes dava troco.

Pouco depois a guia através da instalação sonora da camioneta avisou o pessoal que o almoço ia ser numa terra chamada Faial, no Restaurante “Casa de Chã do Faial”. Tal como em Porto Moniz circulou uma lista entre os passageiros para cada um escolher o que pretendia almoçar. O menu era constituído por dois pratos, um de carne assada e outro de peixe, com o inevitável, e tradicional, peixe espada preto.

Eu desta vez fui na carne e o meu pai no peixe espada.



1 comentário:

  1. Também deve ser bem bonito ,o pinhal, por vezes existem sitio bem econdidos, que só a pé s descobre!!!

    ResponderEliminar