domingo, 5 de abril de 2009

Sanhoane - Vindimas


Sábado, 4 de Outubro de 1997.

Dia de mais uma ida a Sanhoane, e também era um dia mediático, ou não fosse o dia do casamento da infanta Cristina, a filha mais bonita do rei de Espanha. Como sempre nestas ocasiões as televisões transmitem tudo. Para nós o mais importante era a viagem. A equipa desta vez tinha uma baixa , o Zé andava com obras em casa e não podia ir connosco. Assim a equipa era constituída pelo Fernando, Eu, o António Augusto, o Rui Brites e o Adélio.

Desta vez o caminho ia ser um que nunca tínhamos feito neste tipo de viagens a Sanhoane. O Fernando apareceu em minha casa à hora marcada, depois disso fomos para casa do Adélio e finalmente fomos para casa do António Augusto, o Rui Brites ficou de lá aparecer. Quando chegamos a casa do António já lá estava o Brites, quando toda a gente pensava que se ia esperar por ele, ele já estava lá.

Partimos em direcção ao Porto, apesar de ser sábado andava-se muito bem, também era muito cedo. Passamos pela sala de visitas do Porto, a Avenida dos Aliados, passamos em S. Bento e descemos para a marginal, depois seguimos na circunvalação e entramos na estrada para entre os rios, tínhamos a companhia do rio Douro.

No freixo deu para perceber que estão a recuperar o palácio do Freixo, pelo menos andam lá obras.

O rio estava baixo, falou-se em um dia fazer uma viagem até à Régua de barco, é um sonho antigo para mim, mas as opiniões eram contrárias e depois o preço faz pensar duas vezes.

A estrada está em muito boas condições, o piso também é novo. No conselho de Gondomar a estrada está toda “enfeitada” com cartazes políticos em que a maioria é do Valentim Loureiro.

Devido ao elevado numero de curvas que a estrada tem, alguns diziam que por ali nunca mais, quem dizia isso era o pessoal que ia atrás, eu até gosto daquele tipo de percurso.

Para desenjoar paramos num café já na fronteira dos conselhos de Gondomar e Penafiel, sinceramente nem sei a que conselho pertence aquilo. Nas imediações estavam a fazer uma fogueira, o fumo incomodava imenso.

No dito café estava uma mulher que aparentava andar no meio século, só eu e o Fernando é tomamos qualquer coisa, no caso foi um café e um bollycao cada um. Estávamos nós no nosso pequeno almoço quando entrou no balcão uma rapariga que aparentava ter um quarto de século, era como soi dizer-se muito boa e bonita. Mas como apareceu, depressa desapareceu. Quem estava para desaparecer também, éramos nós, ainda tínhamos muitos km. para fazer.

Quando estávamos de saída, saiu a dita rapariga, levava nas mãos umas calças de ganga e umas cuecas pretas todas em renda … , eu adorava vestir aquela rapariga, com aquelas cuecas ficava a “matar”.

Entramos em terras do Marco de Canavezes, ao atravessar a ponte sobre o rio achei curioso o edifico de uma discoteca, fica mesmo junto ao rio, aquilo é do género que quem meter nojo lá dentro só pára no rio.

Um pouco mais à frente entramos em caminhos já meus conhecidos, já conhecia aquilo quando fui a casa do Alberto em Ferreiros com o Firmino .

Quando começamos a descer para a Pala começamos a ter uma magnifica vista do rio, junto a ele estava a decorrer julgo eu que um concurso de pesca. Como connosco ia um viciado na pesca tivemos de parar.

Estivemos ali a ver um pouco do modo como eles pescavam, um deles tinha uma taça cheia de morcões. Logo após lançar a cana, pegava em alguns morcões com as mãos, metia na boca e depois lançava à água, aquilo estava a meter muito nojo, um outro tinha uma fisga, e era desse modo que os lançava à água. O Adélio estava entusiasmado com aquilo, o resto do pessoal acho que estava enojado, de tal forma que partimos.

Passamos em Mosteirô, atravessamos a ponte para o lado de Cinfães, era exactamente aquele o caminho para casa do Alberto. Logo à frente apanhamos a estrada para Resende, mas com um pequeno engano do Fernando, ele seguiu na direcção de Cinfães, tudo se resolveu o erro foi detectado logo no inicio.

O piso da estrada continuava em bom estado. O Fernando ia falando sobre a infância dele, contava situações que se tinham passado com ele e o pai dele nas feiras, vida dura a que ele tinha. Também falou da casa do Eça de Queirós que fica em Baião, quando se falou em Baião lembrei-me da Joana, aquela que conheci no comboio em Junho aquando do curso em Lisboa. Este bocado do percurso estava a ser feito de recordações.

Chegamos a Resende, decidimos parar para comer e beber qualquer coisa, estacionamos a carrinha no largo onde fazem a feira e fomos a uma tasca que fica na cave de uma casa.

Pedimos sandes de presunto para todos e vinho ! , eram 10h30m. e já se ia beber vinho! . Na televisão estava a dar a cerimónia do casamento da Infanta Cristina, estavam na Catedral de Barcelona, recordei as minhas férias, tinha estado naquele local.

Na tasca a servir estava uma mulher já de meia idade e uma rapariga nova, muito boa de corpo mas de cara nem por isso. O resto do pessoal, principalmente o Fernando começou a dizer que eu já ficava ali. A verdade é que não me importava nada de passar com ela um bocado.

Pratos e copos limpos, partimos, nova etapa nos esperava. Continuamos na mesma estrada, estrada essa que nos levaria até Lamego. Durante o caminho vimos uma ou outra carrinha carregada com cestos das vinhas, andavam a fazer as vindimas. Pouco depois chegamos a Lamego, já fazia anos que eu não passava ali, passamos num quartel, mau aspecto ele tem, descemos para o centro, passamos pelo hospital. O Fernando continuava a contar a vida dele, agora dizia aqueles que tinham sido os melhores clientes dele, ali em Lamego nos tempos em que ele era vendedor.

Como se andava a falar em vinhos eu falei na hipótese de se fazer uma visitas às caves Raposeira, o Fernando avisou que deveriam estar fechadas no entanto fomos até lá. Estavam mesmo fechadas, continuamos a subir, nesta altura já estávamos fora do dentro urbanístico. Passamos junto a um outro quartel, o Fernando também lá tinha estado um dia a fazer umas demonstrações, aquilo parecia estar abandonado, mas não, agora que tinha mau aspecto, lá isso tinha. Paramos junto da pista de obstáculos, estivemos a falar sobre aquilo e depois partimos, começamos a descer para o centro urbanístico, passamos junto ao centro de estágio, o mesmo onde algumas equipas de futebol fazem a pré temporada, um pouco mais abaixo fica um hotel e a igreja de Nª Srª dos Remédios, mais a sua longa escadaria. Segundo o Fernando nos dias de festa é impossível andar ali.

Como nada mais tínhamos a fazer por ali, partimos em direcção à Régua. O Adélio disse que lhe tinham dito que essa estrada que liga Lamego à Régua tinha trezentas e tal curvas, o Fernando conhecedor daquela estrada disse que nem pensar, mas nada melhor do que as contar, foi o que o pessoal começou a fazer. Durante o caminho o Fernando foi indicando o local onde tinha sido projectado a passagem do comboio que vinha da Régua e nunca passou do papel para o terreno, tudo devido a interesses. O Caminho está lá só que os trilhos nunca chegaram a ser colocados.

Quando chegamos à Régua a contagem das curvas andava na ordem das duzentas, faltava muita curva para chegar ao número que o Adélio tinha dito. Claro que levou um pouco de gozo por parte do resto do pessoal.

Chegamos a Sanhoane, passava das 11 horas, ainda era cedo para o almoço e o pessoal andava nas vinhas a vindimar.

Na vinha em frente à casa do pai do Domingos, estavam lá 3 indivíduos, um deles era o Heitor, estavam a fazer vinho branco, daquele vinho que se bebe muito bem, é daquele a que chamam de bica aberta. Já tinham duas pipas cheias. No lagar estava um “desgraçado”, como era duro aquilo, não para nós, nós só estávamos a observar. Nas pipas de vinho eles juntavam um pouco de solução, não sei que liquido é aquele, mas evita que o vinho comece logo a ferver.

Curioso também é a forma como eles lavam as pipas, metem pouco liquido de não sei de quê na pipa, tapam e andam a dar umas voltas com ela, nada de água, enfim são conhecimentos que se adquirem.

Já tínhamos aprendido alguma coisa, entretanto começamos a ficar com alguma sede, pensamos em ir até Santa Marta ao já nosso conhecido café “Porto Douro”, como de costume o Adélio começou a levantar problemas com o seu já celebre “Mas será que há necessidade ?”. Ele ainda não se apercebeu que o pessoal já goza com a situação. Mas lá conseguiu que não fossemos a Santa Marta, fomos a um café que tem um nome curioso, “O Latas” beber uma cerveja de garrafa.

Esse dito café fica perto da antiga casa do Daniel, a decoração do café é feita com calendários de parede de mulheres completamente nuas, e tem lá cada uma!.

Cerveja bebida regressamos a casa do pai do Domingos, era lá que íamos almoçar.

O pessoal começou a chegar das vinhas, era a hora de parar para almoçar. Aguardamos um bocadinho, primeiro era preciso despachar o pessoal que andava nas vinhas, depois sim, fomos para a cozinha, daquelas cozinhas típicas de aldeia em que se cozinha a lenha.

Para almoçar tínhamos arroz de feijão vermelho e fêveras, claro que cozinhado a lenha a comida tem outro sabor, estava bom.

Como sempre durante o almoço divertimo-nos um pouco com o pai do Domingos, é uma pessoa muito divertida, mas como estava na hora de regressar à vinha, terminamos o almoço, tínhamos ainda muito tempo livre pela frente.

Fomos até ao café “Porto Douro” jogar uns matrecos, depois disso fomos até às vinhas ter com o pessoal, por ali bati umas fotos.

Quando o Domingos foi levar o resto da colheita do dia à adega nós fomos com ele, todos os anos nesta altura vamos à adega.

Quem estava na recepção das carrinhas era o Nuno, estava a medir o grau do vinho, logo que me viu começou a mandar bocas sobre o futebol, é sempre o mesmo.

Estivemos por ali a ver descarregar aquilo, depois disso fomos até a secção de vendas, toda a gente queria comprar vinho, eu comprei uma embalagem de seis garrafas do vinho branco "Valdarante” e uma embalagem com três garrafas de vinho tinto, compramos tudo em nome do Domingos, ele como funcionário da adega tem um desconto.

Estava a chegar ao fim a nossa visita aquelas terras, pouco ou nada nos restava fazer a não ser regressar a casa.

Voltamos a Sanhoane e pouco depois estávamos nós de regresso a casa, tinham-se passado mais umas vindimas.

A viagem de regresso foi feita pela Régua e Mesão Frio, comecei a ficar com uma dor no olho esquerdo, estava a terminar mal o dia, a viagem estava a ser feita com esse olho fechado. Quando chegamos ao “Cavalinho” paramos, fomos para a nossa dose de panados, não sei se era ou não fome o que é certo é que a dor no olho desapareceu.

De regresso à estrada, partimos com a próxima paragem a ser efectuada em casa do António Augusto, depois disso fiquei eu em casa, quando lá cheguei eram quase 22 horas.

Vinha carregado, trazia vinho e uma saca de uvas da vinha do pai do Domingos.

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