segunda-feira, 9 de março de 2009

Férias 1996 - Momentos


Neste ano de 1996 tive férias de luxo, começando na quantidade e acabando na qualidade, mas foram dispendiosas, não poderá ser assim todos os anos. Tive cinco semanas de férias, uma das quais era do ano de 1995. Essa mesma semana passei em Paris, é uma semana que jamais esquecerei, fui sozinho , como estava só , ia para onde queria , fazia o que queria , etc. etc. , mas o que mais de relevante aconteceu, foi o analisar toda a minha vida.. Posso considerar que foi uma semana importante para mim, pode ter sido um ponto de viragem , o tempo dirá se foi ou não. Senti saudades, muitas saudades ( sentimento raro em férias ), de algumas pessoas e da nossa língua , estava cheio de falar Francês, tive momentos em que me sentia a pessoa mais só do mundo, que grande é o mundo e eu só , longe de tudo e todos.
Algumas coisas curiosas me aconteceram, talvez a situação mais caricata tenha sido aquela em que no 1º de Maio me vi metido sem saber numa manifestação dos nacionalistas franceses.
Quando voltei, voltei cansado de tanto andar pelas boulevard´s de Paris, sem dinheiro porque Paris é uma cidade muito cara.
Quando chegou o mês de Agosto, as coisas ficaram mesmo feias. O acidente que tive, deixou marcas, cheguei a pensar cancelar tudo o que tinha programado. Após pensar no que seriam as minhas férias no caso de ficar por casa e algumas coisas que entretanto aconteceram, decidi que por casa não podia ficar de modo nenhum. Continuei a executar tudo como tinha sido planeado, depois das férias eu cá estaria para aguentar com as consequências.
Parti para Espanha, “ descobri” locais fabulosos. Foram dias muito bons os que por lá passei, se quando parti andava um pouco doente e muito nervoso, tudo mudou por terras espanholas porque deu para relaxar. Foram bons, mas podiam ter sido muito maus. Estivemos na eminência de ter um acidente, o que eu já tinha tido, não deixou marcas físicas, neste caso talvez deixasse, julgo que no caso de batermos , matávamos alguém. Íamos com excesso de velocidade, é certo, mas um indivíduo de motorizada queria atravessar a rua quando não devia, a sorte dele e nossa , foi na ocasião não vir nenhum carro em sentido contrário, deu para passar pela outra faixa, este foi o único momento de arrepiar em Espanha. Não deu para muito mais.
Os dias seguintes foram passados em casa, nada de especial houve para anotar , deu para dormir muito, fazer e desfazer o saco que ia levar para o Algarve uma meia dúzia de vezes.
Alguns dias depois estava eu de partida para o Algarve, foi uma semana vulgar, muita praia , pouco álcool contrariamente ao que tinha previsto, não dormi nenhum dia na praia, cheguei sempre a horas para apanhar o último barco para a ilha ( já passei noites no cais, á espera do primeiro barco ) , foi uma semana em que tive um comportamento exemplar.
Quando terminou esta semana , regressei a casa para partir de novo, ia á procura de novos mundos, novas gentes, novos costumes e talvez uma nova vida.
Na Ilha Verde, passei dias únicos , não fosse o facto de a minha mãe ser doente, não pensaria muito , era bem provável que não voltasse. Sei que me custaria deixar algumas pessoas, nomeadamente a minha família e alguns amigos, os poucos que eu tenho. Por vezes aplicamos a palavra amigo de uma forma leviana, usando a palavra amigo dessa forma tenho alguns, mas amigos a sério , são muito poucos. Talvez por minha culpa, nunca fui pessoa de fazer amizades com facilidade.
Momentos de nostalgia , quase não existiram, não tinha tempo para parar e pensar, julgo que um dos meus problemas é ter demasiado tempo para pensar, por aqui não dava estava sempre em actividade. Não fosse a Paula e a família do Luís, esta semana teria sido muito diferente.
Tudo o que conheci nos dois primeiros dias devo á Paula, ela foi de uma simpatia inexcedível, teve paciência para me andar a mostrar muitas das belezas da ilha, foi extremamente cansativo para ela, como se tal não chegasse ainda foi connosco ao Nordeste. São coisas que não se esquecem e ficam guardadas para sempre.
Não é fácil falar da ilha, não sei se é devido á minha instabilidade emocional, mas gostei do que vi e fundamentalmente foi lá que me reencontrei comigo mesmo.
Nos dias que passei na ilha , aprendi muito . É um tipo de vida muito mais saudável, aquele que se leva por lá.
Sempre me senti fascinado por ilhas, mesmo no Algarve faço praia numa “ilha” , identifico-me com as ilhas, também há que me considere uma ilha.
Nos dias que passei em S. Miguel se não estive no paraíso , então devo ter passado muito perto.

1 comentário:

  1. Por vezes precisamos de fazer um Stop na nossa vida... pensar , mas quando se faz em sítios por onde o turista de 5 semanas anda ainda melhor...

    Tudo rapidamente vai ao sitio....

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