quinta-feira, 12 de março de 2009

Pesca - A Minha Estreia


18 de Janeiro de 1997.
Desta feita a viagem era curta, mas foi o dia da minha estreia nas lides da pesca.
A partida de minha casa deu-se por volta das 18horas, antes de partir levei um pouco de gozo por parte do meu pai, nunca imaginavam que algum dia eu fosse á pesca.
Fiquei surpreendido quando vi o Alvarinho na carrinha, nunca o Fernando tinha dito que ele também ia. O Adélio já eu sabia que não ia, faltava o Artur. Fomos até casa dele. Quando estávamos prontos para partir chegou o Sá, estava a passar por ali.
Fomos pela auto estrada até á saída para Espinho, mas antes de lá chegarmos passamos por um acidente junto á ponte da Arrábida, envolveu 3 carros, um dos quais um Mercedes, deveria ficar caro o concerto. Como acontece sempre que existe um acidente , formam-se longas filas de transito em ambos os sentidos, no sentido em que se deu o acidente , forma-se porque a via fica total ou parcialmente obstruída, na outra faixa também se forma porque toda a gente quer ver. Desta vez não fugiu á regra. O acidente deu-se no sentido Sul/Norte, eu ia no sentido Norte/Sul. Após ter passado a zona do sinistro, o transito processava-se de uma forma normal.
Como esta era a minha primeira experiência, não sabia nada do que era necessário, de tal forma que comi alguma coisa antes de sair de casa e levei fruta mais dois chocolates, para o caso da fome fazer alguma aparição. O resto do pessoal ia prevenido, aliás eles “jantaram” durante a viagem.
Quando saímos da auto estrada para entrar na estrada para Espinho, o transito era imenso, algumas vezes chegamos mesmo a parar, nunca eram paragens longas mas quebrava o ritmo. A chuva também apareceu e em força, por acaso eu levava um guarda chuva.
Como era a minha primeira vez o Fernando e o Artur iam contando algumas peripécias de anteriores pescarias.
A estrada é boa , até bem próximo de Ovar existe uma estrada que é designada por IC1, é praticamente uma auto estrada mas sem portagens.
Voltei a passar em locais que me são familiares, Furadouro onde costumo ir fazer um ou outro dia de praia, Torreira igualmente e S. Jacinto onde além de praia costumo acampar um fim de semana.
Chegamos eram aproximadamente 20horas, mais minuto menos minuto. Fomos a um café tomar um para aquecer o corpo, a noite estava fria e por vezes chovia muito. Eu também tomei um café, coisa rara em mim, preparamos o material para dar inicio á pesca.
O local escolhido foi um paredão mesmo em frente a S. Jacinto. A noite já tinha caído á muito, o silêncio imperava. O tempo estava frio e prometia chuva em forma de aguaceiros. Tão depressa o céu estava carregado de estrelas como de nuvens. Devido á incerteza do tempo não fomos para o local onde eles costumam pescar, ficamos próximos da carrinha. O paredão tem um caminho por onde se anda bem, no entanto é muito estreito, não são raras as vezes em que se tem de descer para as pedras, o único problema em andar sobre as pedras é que nem todas estão ao mesmo nível.
Logo que escolhemos o local onde “acampar” deu um enorme aguaceiro, o Fernando tinha dito que eu não precisava de levar guarda chuva, se eu não o tivesse levado, teria ficado completamente encharcado, mesmo assim fiquei um pouco molhado, mas só na roupa exterior, porque tinha muita roupa.. Foi das coisas que eles mais me avisaram, é que devia levar muita roupa, nisso dei ouvidos, roupa não me faltava. Levava umas calças de treino e por cima umas calças de ganga, uma camisola interior, uma Sweat Shirt mais uma camisola, um blusão de couro e uma parka. Na cabeça tinha um gorro. Frio não tinha . Só me faltavam umas luvas para as mãos . O Artur é que ia preparado para a chuva, levava um fato adequado para a chuva.
O Adélio emprestou uma cana para eu usar, mas o Artur disse que como era a minha primeira vez tinha de usar material de primeira, emprestou-me a cana dele, uma enorme cana, era segundo ele a cana adequada para o que pretendíamos pescar , Congro.
Eu nada percebia e continuo sem nada perceber de pesca. Estava eu abrigado da chuva com o Alvarinho enquanto o Artur e o Fernando preparavam as coisas para se dar inicio á pesca. O Fernando levava umas cordas ás quais amarrou uns anzóis, o isco era sardinha ou lulas, tinha as duas coisas.
Cordas lançadas, eram cerca de cinco, foi a vez das canas. O Artur ensinou-me como deveria lançar a cana, não é difícil mas como tudo exige pelo menos um pouco de cuidado. Cuidado que não tive, tombei a cana de tal forma que a linha começou a dar voltas na cana, como primeiro teste estava a correr mal. Após uma breve explicação do Artur, lá fui eu para o lançamento. Uma coisa que o Artur me disse é que deveria com o indicador, segurar a linha até ao momento em que a cana está na vertical e aí largar ou seja, uma extremidade da cana fica nas nossas costas, com o indicador fazemos uma leve pressão para segurar a linha, dessa forma juntamos a linha á cana, quando a cana percorre meio caminho está praticamente na vertical, aí devemos deixar a linha que até então estava a ser segura pelo indicador, livre. Mais um teste falhado, mais por atrapalhação do que outra coisa, não larguei a linha no momento exacto. Ela obriga a que o dedo a deixe, devido ao movimento e ao peso da chumbeira, a linha começa a fazer força e se temos o dedo a prender, magoamo-nos, foi o que me aconteceu, fiquei de forma a que nem sentia os dedos, tudo ajudou, tinha as mãos frias, num instante fiquei com uma bem quente.
Os minutos iam passando, o isco ia desaparecendo das cordas que o Fernando lançou e peixe nada.
Foi a vez do Alvarinho ter a lição dele. Com uma cana mais pequena do que a minha, tentou a sorte dele, eu continuava á espera que algum peixe viesse á minha cana.
A chuva já tinha passado, o céu rapidamente ficou estrelado, estava uma noite espectacular.
Cada vez tinha mais pescadores, mas todos diziam que estava uma maré muito viva, o que deu para perceber não ser favorável á pesca, pelo menos foi o que compreendi.
Uma coisa que estas coisas têm é muito tempo livre, por isso levei o tripé da máquina e a respectiva máquina fotográfica, queria registar o momento em que pescava um peixe sem ser no aquário.
Como quando chegamos a S. Jacinto o tempo prometia chuva, o que veio a acontecer, meti a máquina ao ombro e por baixo do blusão e da parka, estava quentinha.
Montei o tripé para começar a bater umas fotos á marginal de S. Jacinto, local pequeno mas bonito pelo menos neste momento, de dia nem tanto devido ao lixo nas ruas.
Fiquei pela tentativa de tirar fotos, desabotoei alguns botões da parka e perdi a vontade de desabotoar os restantes, é que ainda tinha de tirar o blusão, acabei por não tirar nenhuma foto, ficava mesmo para o caso de sair algum peixe.
O Artur lançou á água, mas amarrado por uma corda, um recipiente de forma rectangular e fechado de todos os lados menos um com rede, lá dentro tinha sardinha, era para fazer pesca tipo arrasto, digo eu.
O Fernando com as cordas nada tirava, chegou a vez de eu tirar a cana para ver se alguma coisa tinha ficado presa no anzol.
Meti a cana entre as pernas e como eles me disseram logo que comecei a recolher a linha não podia parar, caso o fizesse corria o risco de a chumbeira ou o anzol ficar preso e não mais sair, custou um pouco, é que a mão usada para enrolar a linha é a esquerda e eu julgo que me daria mais jeito com a direita, eles dizem que não… .
Vinha quase tudo o que tinha ido, só não voltou a sardinha, essa ficou por lá.
Novamente o Artur prendeu uma sardinha ao anzol, voltei a lançar a cana, mas tinha a sensação que ia dar banho á sardinha, começava a não acreditar na pescaria desta noite. Desta vez fiz tudo sozinho, só perguntei uma coisa ao Fernando, foi como devia estar a cesta, após a explicação lancei a linha. Como não existe nada perfeito, o meu lançamento também não foi. Esqueci-me que depois de lançar a linha é necessário prender o carreto para a linha ficar presa e esticada. Lancei a linha contra o vento, passado pouco tempo vi que a linha estava do lado oposto do paredão, fiquei surpreendido e até perguntei como era possível lançar a linha para um lado e ela estar do lado oposto. Fomos ver a linha, estava livre no carreto, o vento fez o resto. Facilmente se resolveu o problema, foi só enrolar um pouco a linha e a situação normalizou.
O Alvarinho alinhou pelo mesmo diapasão no que ao peixe diz respeito, nem um para amostra, depois já tinha dado cabo de duas chumbeiras e dois anzóis.
22h20m. peixe?, só os que eles levaram para servir de isco, ratos muitos.
Existem muitos ratos por ali, enormes, quem tem medo de ratos está tramado, não pode ir pescar para ali.
As cordas do Fernando continuavam sem peixe e sem isco, era só trabalho em renovar o isco, lançar e recolher as cordas, o Alvarinho cheio de frio e preocupado com a possibilidade de no Porto estar trovoada, ao que parece a mulher tem medo de tal coisa.
O Artur ao puxar pela segunda vez o recipiente que tinha lançado teve azar, o dito objecto ficou preso e a corda rebentou, ainda assim foi onde apanhamos o único animal pescado até ao momento e começávamos a suspeitar que seria da noite foi um camarão.
Comi o que tinha levado, apenas uma banana e dois chocolates, para beber havia vinho verde branco, verde tinto e uma garrafa de JB , caso nada disto servisse havia muita água á disposição. Água que começava a subir, não é que estivesse preocupado, mas começava a ver demasiada água de ambos os lados.
Alguns pescadores começam a abandonar o local, desiludidos talvez por ter sido uma noite má para a pesca, mas há noites assim.
Já que os peixes nada queriam connosco, viramo-nos para os ratos. O Artur amarrou um anzol, dos poucos que restavam, a uma corda. Ao anzol prendeu uma sardinha. Tudo montado, esticamos a corda e colocamos a sardinha em cima de uma pedra. Rapidamente os ratos apareceram, começou a luta não do gato e do rato mas do Artur e dos ratos. Quando os ratos tentavam agarrar a sardinha o Artur puxava a corda, o rato assustado fugia para logo de seguida voltar á carga. Estivemos nisto um bom bocado, até que decidimos arrumar as coisas e voltar para casa, decididamente esta noite não dava.
Anzóis quase não ficou nenhum, o recipiente do Artur ficou por lá, chegou a vez de também ficar uma corda do Fernando. Numa última tentativa ele lançou a corda de tal forma que foi tudo, faltava ir uma cana, pouco faltou no meu primeiro lançamento.
Como o que seria o último lançamento do Fernando foi um fracasso, a última tentativa foi com a minha cana, mas quem lançou desta vez foi ele, mas nada dava. Ao fim de alguns minutos recolhemos o material. Eles estavam mais aborrecidos por mim do que eu , lamentavam não ter dado nada na minha primeira vez, desta vez nem a tão falada sorte de principiante ajudou, paciência, deu para passar um pouco o tempo de uma forma diferente mas agradável. Além disso ocupou um pouco o meu tempo, foi bom.
Pouco faltava para a meia noite quando partimos, sem peixes e sem fotografias, tinha de me preparar para o “festival” que ia levar em casa, mas tudo isto faz parte da vida, nem sempre as coisas correm como pretendemos. Era 1h. quando cheguei a casa.

1 comentário:

  1. Tudo que seja a primeira vez é sempre difícil ( IOl)
    Há que tentar e treinar a arte da pesca........

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