
Sábado, 7 de Junho de 1997.
A Partida estava marcada para as 9h.30m. Aproximadamente por essa hora o Firmino telefonou-me dizendo que estava atrasado, não por culpa dele mas do leitão, íamos levar 2 animais daqueles para o almoço do baptizado do João.
Estava um pouco curioso, nunca tinha ido a Ferreiros, apesar de já ter tido uma ou outra vez convite , só que nunca tinha dado, desta ia mesmo.
O tempo não estava disposto a ajudar , chovia bem, estava a prever um dia muito chato.
A parte inicial da viagem nada trouxe de novo, entramos na auto estrada para abandonar logo na primeira saída, estava o Zé cunhado do Firmino à nossa espera. Saímos mas logo voltamos a entrar, para a abandonarmos definitivamente na saída para o Marco de Canaveses. Pelo caminho ouvi uma música que é fabulosa apesar de não saber quem a canta, diz ,” I Belive I can Fly, I belive I can toucht the sky “. O Firmino dizia que não garantia não se enganar no caminho, como também dizia que a chuva ia passar, quanto a este último ponto eu tinha sérias dúvidas.
O percurso até ao Marco fez-se bem, a parte complicada dizia o Firmino era depois do Marco, eu aguardava para ver.
Ao passar no Marco de Canaveses recordei um dia que ainda estava eu na tropa e fui lá buscar um soldado que estava doente em casa, foi
O centro do Marco estava irreconhecível para mim, também já não passava por lá fazia anos.
O Firmino tinha razão, a percurso depois do Marco começou a piorar, mas não era nenhuma dor de cabeça, complicado começa a ser memorizar os locais onde se vira, nesse ponto começa a complicar para mim que era a primeira vez.
Já o Marco tinha ficado para trás, começou a descida, descida que nos iria levar até ao rio Douro. Como a estrada era estreita, as ultrapassagens tinham que ser feitas com a máxima precaução, o piso em muitos locais tinha sido invadido por terra , terra que foi arrastada pelas chuva que tinha caído e que caía. Como uma “desgraça” nunca vem só à nossa frente apareceu uma camioneta de passageiros de uma fábrica de calçado de Felgueiras, então tudo se complicou e não dava para andar, a mim não fazia diferença, ia apreciando a beleza da paisagem acompanhada pelo cheiro do leitão.
Já se avistava o rio ao fundo quando o motorista decidiu encostar, finalmente deu para ultrapassar. Passei por locais que não aparecem em qualquer mapa, vi uma placa que indicava a barragem do Carrapatelo, dessa já ouvi falar mas nunca lá passei e também não seria desta.
Mais uma placa de povoação mais uma recordação, estava na Pala, Recordo uma senhora que durante muitos anos levava um caixote de fruta a minha casa, essa senhora morava na Pala, não sei o que é feito dela hoje, também nunca soube porque ela nos levava um cesto com fruta todos os anos. Ficou a recordação .
Junto ao rio tinha muitos pescadores, não sei que peixe se pesca por ali, agora que deve dar, deve, visto o número de pescadores que por ali estavam.
Atravessamos o rio, agora seria a parte mais difícil, subidas e ruas estreitas, o piso não era mau de todo, mas as ruas são na realidade muito estreitas, não sei como é se aparece um camião de frente.
A chuva tinha dado algumas tréguas, mas estava a voltar e em força, era uma chatice o baptizado naquelas condições.
Estávamos perto, vi uma placa que indicava faltarem
Pouco depois chegamos, a casa não se vê da rua, temos que entrar num caminho muito estreito de tal forma que numa curva o carro não a faz logo à primeira, para mim só para a terceira ou quarta vez, e não se pode deixar fugir o carro para trás. Depois dessa curva, mais que apertada, o caminho melhora significativamente,
O Firmino meteu o carro lá dentro, eu e Fátima não saímos logo do carro, enquanto ali estávamos não apanhávamos chuva, quando decidimos abandonar a viatura a chuva ainda era muita, mas tinha de ser, refugiei-me na cozinha, estava lá o pai do Alberto e o pai da Cristina, o resto do pessoal estava numa sala.
Pouco depois o pessoal decidiu partir para a igreja, o Costa já tinha ido à frente .
A igreja é muito pequena, e extraordinariamente bela, o teto é fabuloso, todo com quadros de santos, nunca tinha visto nada assim. Fiquei surpreendido por ver uma obra de arte “perdida” ali, aquilo é digno de ser visto de ser conhecido, ali pouca gente vê. O padre é um homem novo, calvo e tinha a cabeça com alguns arranhões, mais tarde vim a saber que tinha tido um acidente. A cerimónia do baptizado foi simples e decorreu em bom ritmo, eu como de costume nas igrejas fiquei atrás de toda a gente.
A chuva parecia ter dado tréguas, pelo menos não chovia com a mesma intensidade. O Costa estava ocupado com a filmagem da cerimónia, um primo do Alberto com a parte fotográfica, nem sempre o flash disparava, algumas fotos deveriam sair ou escuras ou tremidas.
Cerimónia terminada , voltamos para casa do Alberto, só que desta vez quase toda a gente deixou os carros na rua. Chegados a casa toda a gente foi para a cozinha comer alguns aperitivos, eu como de costume quando vejo muita coisa pouco como. A chuva aos poucos ia desaparecendo, o Zé estava entretido a fazer um grande tacho de arroz.
Algum tempo depois chegou a hora do almoço, era o leitão com batatas fritas e acompanhado pelo arroz que o Zé tinha feito, estava bom, não fazia do Zé cozinheiro. Na hora da distribuição dos lugares, o pai do Alberto mandou-me sentar junto do cunhado dele, tudo porque ambos somos portistas, como consequência disso fiquei afastado do pessoal que melhor conhecia, mas não havia problema, o pai do Alberto conheço bem e o tio do Alberto é uma pessoa bem disposta, foi um almoço bom. O ponto mais alto durante o almoço foi quando o tio do Alberto começou a contar anedotas. Para animar um pouco mais a festa o sol também apareceu, parece que a chuva se tinha ido embora.
Ainda durante o almoço a mãe do Alberto sugeriu uma visita até ao rio Bestança, julgo ser esse o nome, alguns receberam de bom grado a proposta mas ninguém se decidia, depois do almoço formou-se um grupo e fomos dar uma volta, mas só fomos porque a mãe do Alberto insistiu, e ainda bem.
A calma que reina por ali, tudo muito verdejante, a água abundava, é um cenário muito belo, como é costume por estas regiões as estradas são estreitas e serpenteiam vales e montanhas.
O rio Bestança levava um caudal razoável mas com capacidade para muito mais, pelo menos naquela zona, algum tempo estivemos por ali, o Costa aproveitou para filmar um pouco.
Eu ia com o Alberto, o primo dele e o Zé. Decidiu-se ir até ás portas de Montemuro, fica lá bem no cimo de umas montanhas. Apesar de não chover, e até fazer sol naquela altura, a temperatura era muito baixa, ou como dizia o tio do Alberto, “estava um calor esquisito”. Diz quem sabe que nos dias limpos sem névoa se pode avistar a serra da Estrela . Por lá estava um carro encostado num local mais alto que a estrada e pelo menos um gajo estava lá dentro, a fazer o quê não sei, nem me interessava. Fomos visitar o exterior de uma capela minúscula que existe ali e está protegida por um muro em seu redor, talvez para a proteger do vento e do frio, tendo em conta a idade avançada da capela, sei que é de mil setecentos e qualquer coisa, já é secular.
Não longe dali e num plano mais elevado, tinha algo que parecia um retransmissor, como tinha um caminho em terra batida com algum cascalho à mistura, o Alberto convenceu o primo a ir até lá cima e com o carro. Desconhecíamos que os outros nos seguiam.
Não foi possível chegar ao topo e junto daquilo que pretendíamos ver, o caminho estava cortado, e o pior de tudo é que nem dava para inverter o sentido de marcha, foi preciso vir até cá baixo de marcha atrás . Como na subida éramos nós que liderávamos o grupo, na descida éramos nós que o fechávamos.
Durante a descida o primo do Alberto mandou o carro para a valeta, foi preciso tirar de lá o carro, lá tivemos nós que puxar pelo cabedal. Depois disto estava a visita concluída, era hora de regressar a casa do Alberto. Foi o que fizemos.
Chegados a casa, o pessoal começou a lanchar, alguns já estavam de partida, eu achava que também estava a chegar a nossa hora, mas tinha que esperar que o Firmino se decidisse.
Para passar um pouco o tempo, o Costa esteve a mostrar ao pessoal o resultado das filmagens, ainda o filme não tinha terminado quando o Firmino decidiu vir embora, a Fátima e o Nuno ficavam, vinham com o Zé, eu aproveitei a boleia a vim com o Firmino.
Fui à cozinha despedir-me da Cristina e dar uma lembrança para o João, ainda comi uma fatia de bolo do baptizado, era muito bom.
Despedidas feitas partimos, durante o caminho viemos sempre a falar, ou melhor o Firmino veio quase sempre a falar, eu pouco falava. O caminho de regresso, penso eu, foi feito muito mais rápido, e pareceu-me não ser tão complicado como isso.
Já passava das 20 horas quando cheguei a casa.
Zona bem bonita!! terra de boa gente!!!
ResponderEliminarTêm a sorte de ter como pano de fundo o rio Douro que é magnifico...
E ainda por cima com os pés de baixo da mesa, melhor, só??? só.....!!!!!