segunda-feira, 30 de março de 2009

Tossa De Mar - Encontros e Desencontros IX ( III )


Estávamos nós de mapa aberto para nos localizar-mos e partirmos à procura das Puertas del Sol, quando o motorista da tal bomba se dirigiu em nossa direcção, pensamos que nos vinha oferecer ajuda, mas nada disse , nós já falávamos como se conhecêssemos a cidade como as palmas das mãos, o homem perdeu a vontade, voltou para trás. De facto já nos tínhamos localizado e já sabíamos o caminho que devíamos seguir. Pouco depois começamos a ver as indicações de postos de turismo, agora já não era preciso, o que precisávamos era de arranjar lugar para dormir.
Chegamos às tão procuradas puertas del sol, vimos que tem muitos Hostais, que são residenciais, demos uma volta, era impossível parar ali, voltamos a sair do local, voltamos a passar junto ao Corte Inglês, voltamos a seguir o mesmo caminho para as puertas del sol. Já em plenas puertas del sol, vimos o carro dos velhotes mesmo à nossa frente. Afinal tínhamos chegado antes deles, e chegamos um bom bocado antes. Mais umas buzinadelas, acenamos ao velhote, desta vez fomos reconhecidos.
Paramos o nosso carro um pouco mais à frente, eles seguiram. O Miranda ficou no carro enquanto eu fui a um hotel de três estrelas ver se tinha “habitaciones” e “quanto vale”, valia 6700 pesetas quarto duplo com direito a pequeno almoço. Servia. Fui ter com o Miranda, deixamos os sacos no hotel e ele foi estacionar o carro num parque indicado pelo recepcionista do hotel.
Foi ele fiquei eu, subi para o quarto. Tinha um empregado do hotel que se encarregava de levar os sacos, num hotel daqueles achei que era um serviço demasiado personalizado, ele mais parecia um burro de carga, queria levar os sacos todos, não deixei, principalmente o da minha máquina fotográfica, desse disse-lhe eu no meu português, “ … este levo eu !”.
Ali já podemos falar a nossa língua à vontade que quase tudo é percebido.
Quando chegamos ao quarto dei cem pesetas de gorjeta ao gajo, era pouco mas era o que tinha, não lhe ia dar duas mil pesetas, que era das únicas notas que tinha naquele instante.
Deixei lá os sacos e desci para a recepção, vim esperar o Miranda, pouco depois lá aparece ele, no meio de tanta gente era o único em calções, ele reparou nisso, tanto que disse que ali o pessoal se arranjava, eu queria lá saber disso, estava de férias e além do mais ninguém me conhecia.
Subimos para o quarto mas sem antes eu pegar num mapa da cidade que tinha na recepção, era oferta, ficava com dois mapas da cidade, como soi dizer-se não há fome que não traga fartura, quando aqui chegamos precisávamos de um mapa, tive que comprar, agora até ofereciam.
Estava na hora de tomar um banho e procurar o “Museu do Jamon” era onde íamos jantar, sabíamos que ficava por ali.
Estava na hora das noticias na TVE, o prato forte eram os acidentes na estrada, tínhamos visto aquele ao entrar em Madrid, mas desse não rezava a história. As noticias deram imagens de acidentes terríveis, um deles ocorreu próximo de Lloret com uma camioneta de passageiros, num local onde neste mesmo dia tínhamos passado, e passamos poucos minutos antes de se ter dado o tal acidente. O acidente que tinha visto em Madrid tinha mexido comigo, depois de ter visto tais imagens ainda fiquei pior.
Saímos do hotel à procura do tal local que o pai do Miranda tinha aconselhado, estava difícil encontrar o dito, até já estávamos a pensar ir a um qualquer, mas eis que eu vi o tal restaurante. Ficava bem perto do hotel Francisco I , que era o nosso.
Quando entramos no restaurante deparamos com uma sala cheia de presuntos, ou não fosse a especialidade da casa. Subimos para o segundo andar, no primeiro tinha uma sala mas estava cheia, no segundo também parecia estar cheia, mas para duas pessoas arranjava-se uma mesa. Pedimos o menu, voltei às minhas perguntas, nada de queijo e nada de leite. O Miranda pediu um “Chuleton à Museu”, perguntei ao empregado o que era aquilo, fiquei a saber que era uma costeleta, perguntei se não tinha queijo ou leite a acompanhar, e queria saber o que tinha para acompanhar, o empregado foi respondendo até que chegou a uma altura virou-se para mim e disse “ … é bom, que queres mais? “, convenceu-me, pedi um “Chuleton” para mim também. Para acompanhar duas canecas de cerveja, mas isso tinha um carácter de urgência, estávamos cheios de sede, e não havia perigo de beber muito, o hotel era quase ao lado e não íamos andar de carro.
Quando veio a caneca, achamos que ela devia estar furada, é que o conteúdo rapidamente desapareceu. Outra rodada.
A sala onde estávamos a jantar, era uma sala com muito requinte, a decoração era simples mas luxuosa, de luxo eram algumas espanholas que ali jantavam. O ambiente que se respirava era um pouco selecto, toda ou quase toda a gente estava bem vestida, no que diz respeito às mulheres, não me admirava, elas sabem como se produzir. Toda a bela panorâmica era oferecida por um enorme espelho que tinha à minha frente, via tudo sem dar muito nas vistas.
Quando finalmente veio o Chuleton, já as minhas vistas tinham “comido” até dizer basta, agora ia alimentar o cabedal, sim porque aquilo traz um certo desgaste, não é verdade?. Estava magnifica, o empregado sempre tinha razão quando dizia que era bom. Fomos na sobremesa, comi coisa simples, gelado, o Miranda tem a mania das complicações e coisas esquisitas, deu-se mal, não gostou do que pediu, também teve sorte, o empregado não meteu na conta. Conta que nem foi nada de mais, ficou por quatro mil e tal pesetas, não chegou a cinco mil.
Depois de um inicio de dia muito atribulado e com uma chegada a Madrid de arrepiar, agora já me sentia bem, já me começava a sentir “adaptado” à grande cidade. Estava a mudar a imagem que tinha de Madrid, estava a gostar.
Bem próximo dali fica a “Plaza Mayor”, é um local que existe em várias cidades espanholas, aquela, eu conhecia pela televisão, agora estava ali, era noite, tinha muitas esplanadas, pensamos encontrar por ali os velhotes, mas não, não os vimos, também não ficamos ali, continuamos a andar, a descobrir um pouco da cidade.
Viemos até ao que eu julgo ser o centro das puertas del sol, tinha muita gente, por várias vezes me lembrei dos atentados bombistas da ETA. Talvez seja do hábito, talvez já nem liguem, de tal forma que eu via aquela gente a conviver nas ruas, era uma gente alegre, eu não conseguia estar assim tão tranquilo.
Tinha por ali algumas raparigas, que não enganavam ninguém, eram prostitutas, e não digo que foi a primeira vez, mas vi prostitutas que eram apresentáveis, não eram nenhuns horrores.
Continuamos o nosso giro, não muito longe, o dia tinha sido cansativo, a cama chamava por mim, estava a chegar ao fim um dos dias se não mesmo o dia mais emotivo destas férias. No caminho de regresso ao hotel, passamos por algo do género discoteca, estavam a entrar só mulheres, e que mulheres, pareciam escolhidas a dedo, lá dentro devia ser a loucura total, eu cá fora já estava a ficar louco!. É um local que numa próxima passagem por Madrid eu tenho que visitar, chama-se “Joy”. Se calhar lá dentro era a desilusão total, mas não creio, pela amostra exterior, a coisa prometia.
Subimos para o quarto, liguei a televisão e num instante ficou tudo muito escuro.

1 comentário:

  1. Muito bonito, tudo muito bonito,,,, loucura total??!?!?ainda se conseguiu dormir, ummmmmmm

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