quinta-feira, 26 de março de 2009

Tossa De Mar - Encontros e Desencontros II


Sábado, 2 de Agosto de 1997.

Este dia devia terminar próximo da cidade condal, estava muito longe, prevíamos um dia cansativo.

Acordamos cedo, eram 7h30m. quando nos levantamos, o Miranda tomou primeiro banho, é melhor assim, o tempo que ele demora a arranjar-se dá para eu tomar o banho e arranjar-me. Depois do banho metemos as coisas nos sacos e abandonamos o quarto, tiramos umas fotos no hotel, o átrio, à entrada do nosso quarto que era engraçado, batemos umas fotos.

Descemos, paguei e fomos a uma “Confiteria” tomar o pequeno almoço, ficamos com a ideia que tínhamos o pequeno almoço pago no hotel, mas … . Comi um bolo e bebi um sumo. Na hora de pagar a conta que ficou por 850 pesetas, eu ia pagar com moedas que já estão fora de circulação, não sabia, a mulher é que dizia, “no vale”, está bem "no vale" . Tive que pagar com outras.

Antes de partir fomos a um supermercado comprar água, muita água, a viagem ia ser longa e prometia ser quente. Compramos 4 garrafas de litro e meio, o Miranda queria comprar garrafas das pequenas, mas dessas nós tínhamos duas vazias, assim podíamos encher as ditas com a água das garrafas grandes.

Eram 9h.18m. quando iniciamos a segunda etapa da nossa longa viagem, o carro já marcava 56299 Km, significa que tínhamos feito do Porto até Aranda 564 km., não andamos mal.

Já havia algum movimento nas ruas, voltamos a passar sobre o barrento rio Douro. Entramos na estrada para Sória, rapidamente adquirimos o nosso ritmo de viagem, se aparecia a policia era uma chatice. Tivemos a companhia do Douro por largos km, sempre barrento e escoltado nas margens por denso arvoredo. Começamos a entrar no interior de Espanha, passamos por diversas aldeias que parecem estar perdidas na imensidão de terra árida. Quase todas as aldeias se fundem na paisagem, tal como o castelo que tinha visto em Haza, as casas são da cor da terra, até os telhados, parece que está tudo camuflado, era esta a paisagem .

Por vezes na estrada cruzávamos com um ou outro camião lusitano, sabia bem ver algo da nossa terra, não gosto é quando abundam, um ou outro de vez em quando sabe bem. Passei em “El Burgo de Osma”, é uma pequena localidade, nada deve ter de interessante. Passamos pelo interior daquela terra, só nos atrasava, ali a velocidade máxima é de 50 km., tornava-se perigoso exceder a velocidade, mal saíamos era pedal a fundo. Algum tempo depois estávamos a passar ao largo de Sória, nem cheguei a ver a cidade, tomamos a direcção de Saragoça, já se viam placas a indicar a direcção e os km que faltavam, faltava muita coisa.

11h.15m. passamos em mais uma localidade, Tarazona, a única coisa de especial que por ali vimos foi um carro português, de resto nada a assinalar, de tal forma que nem paramos, era sempre a andar. Começamos a subir imenso, parecia que só tínhamos o céu como limite, andávamos por altitudes consideráveis, a terra tinha pouca vegetação, por vezes lá aparecia um enorme campo cultivado, outras vezes para atrapalhar aparecia na estrada uma enorme máquina agrícola.

Aqueles caminhos são bons de fazer para quem está bem, sem sono e concentrado, caso contrário é um perigo, a paisagem dá sono e um pessoa que viaje sozinha, fazer aquilo deve ser uma aventura. Alguns terminam mal, foi o que aconteceu a um camião TIR que estava num campo, tinha capotado . Nada existe por ali. Felizmente estávamos próximos de Saragoça ou como eles dizem Zaragoça . Estávamos a prever chegar a Barcelona lá para as 19 horas mais ou menos. Claro que não íamos ficar em Barcelona, o local onde tínhamos o hotel marcado, fica a cerca de 90 km. de Barcelona, apenas falávamos em Barcelona porque é mais fácil localizar, enquanto Tossa de Mar, já não é bem assim.

Já bem próximo de Saragoça, entramos numa estrada em melhores condições, não que a anterior estivesse má, bem pelo contrário, só que esta ainda estava em melhor estado, o pior que nos aconteceu foi apanhar uma praga de gafanhotos, nunca tal me tinha acontecido.

Com o calor que se fazia sentir, tivemos que fechar as janelas, era impressionante, muito gafanhoto havia, chegou a assustar um pouco, reduzimos a velocidade. Alguns minutos depois parecia que tinha acabado a bicharada, por vezes aparecia um retardatário.

Chegamos a Saragoça estava quase na hora do almoço para muita gente, não para nós, eram 12h10m., 56570km., já tínhamos andado desde Aranda 271km., penso que estava dentro do previsto.

Em Saragoça entramos mesmo dentro da cidade, e que cidade, é enorme e parece ser uma cidade que merece ser visitada, infelizmente não ia ser possível nós visitarmos, mas pelo menos já víamos alguma coisa ao passar pelo interior da cidade.

No meu mapa eu via uma cidade com o nome de Lérida, ali via placas com o nome de Lleida, achei que seria a mesma cidade, seguimos as placas que tinham essa indicação, por vezes também aparecia a indicação de Barcelona, já começava a aparecer a indicação da cidade condal, era bom sinal.

Entramos na NII , é uma estrada que começa em Madrid e termina na fronteira com França. Era mesmo essa que nós queríamos. Alguns km. à frente de Saragoça paramos num posto de abastecimento, aproveitamos para encher o depósito do carro, ir à casa de banho e dar uma lavadela ao exterior do carro, não ficou limpo, mas ficou com menos lixo. Estávamos em S. Isabel. Pouco demoramos, já eram 12h30m. .

Retomamos o caminho, tínhamos duas opções, auto estrada ou estrada nacional, a tal NII, fomos pela NII, acompanha quase sempre a auto estrada, o piso está em bom estado e sempre eram umas pesetas que poupávamos. A paisagem continuava a ser uma paisagem agreste, nada tinha de convidativo. Mais um camião que tinha capotado, estávamos nós nas 14h.20m. , um camionista parou, nós seguimos.

Chegamos a Lérida, não entramos na cidade, a NII passa ao lado da cidade, era bom, assim andávamos mais, mas não víamos a cidade. Passamos em Igualada, cidade que conhecia, de nome, devido à equipa de hóquei em patins. Poucos km. faltavam para a majestosa cidade de Barcelona. Ultrapassamos um carro lusitano, ia carregado com lusitanas e cheio de malas.

A paisagem começa a ser menos agreste, começa a aparecer o verde, umas montanhas aparecem do nosso lado esquerdo, as formas que têm são fabulosas, como tal bati mais umas fotos, certamente não ficará em boas condições, íamos em movimento, o vidro estava muito sujo e o sol também não ajudava.

15h07m. , chegamos a Martorell, faltavam poucos km para chegar a Barcelona, aqui apanhamos a auto estrada e começaram os primeiros problemas do dia, uma enorme fila na auto estrada, tinha vários km e pouco se andava, tudo devido a um acidente, acontecem em todo o lado, tinha sido um jipe que capotou e incendiou, curiosamente foi na faixa do lado contrário, mas afectou o transito nos dois sentidos. Quando passamos no local do acidente, estava uma grua a levantar o jipe. Faltavam 100km para Girona, significava uns 80 para Tossa de Mar.

Depois de passar a zona onde tinha ocorrido o acidente foi sempre a andar, mas com muito cuidado, nesta ocasião todo o cuidado era pouco, o movimento era muito e as auto estradas cruzavam-se, para não nos enganar-mos reduzimos a velocidade e ver bem as placas, seguíamos as que indicavam o caminho para França, A7, é a auto estrada. A auto estrada passa fora da cidade de Barcelona como é compreensível, vimos um pouco do que é a periferia da cidade. As saídas sucediam-se, estava a chegar a nossa hora, até que aparece a placa a indicar a saída 9, era a nossa, pagamos a portagem e entramos na estrada que vai para Lloret de Mar.

Começam a aparecer alguns aldeamentos, coisa fina, o transito é que estava a engrossar um pouco, por vezes parávamos. Quando começamos a descer para Lloret avistamos o mar, começava a ficar satisfeito, após tantos km. finalmente estávamos na costa. Passamos em Lloret, aqui tem placas a indicar o caminho para Tossa, percorremos uma parte de Lloret, deu para ver que é um local com muita gente, é gente a mais para o meu gosto, no entanto não deixa de ser bonito. Logo que passamos Lloret, começamos a subir e a contornar os montes, por vezes víamos uma ou outra praia, praias pequenas e com falésias, fazia lembrar Lagos. Também existem por ali alguns parques de campismo.

Chegamos a Tossa de Mar, deu para respirar fundo, tanto km. andado, mas finalmente chegamos e sem nenhum problema. Logo no centro vimos um posto de Turismo, fui lá e como de costume falei o meu português. Tinha uma mulher já de idade avançada e uma rapariga nova, azarento como sou, quem me atendeu foi a velhota, valeu pela simpatia, arranjou-me um mapa de Tossa e indicou-me onde era o hotel. Era perto ficava a 500 metros do posto de turismo.

Eram 17 horas na nossa ilustre pátria, quando entrei no hotel, o Miranda ficou no carro. Atendeu-me uma rapariga loira mas nada de interessante, apesar de ser melhor do que nada. Deu-me a chave do quarto e um cartão com o horário das refeições, perguntei como era com o carro, disse que o parque estava cheio, teríamos que tentar no dia seguinte. Vim ter com o Miranda, demos uma pequena volta por ali, grande também não podia ser, aquilo é pequeno, e metemos o carro num parque que tem mesmo em frente ao hotel, fechava era à meia noite, não havia problema, esta noite não íamos sair. Deixamos o carro e tiramos os sacos, fomos para o hotel, subimos para o quarto andar e fomos para o nosso quarto, era o 444. O quarto era jeitoso, tinha duas camas, uma casa de banho completa e uma varandinha com duas cadeiras e uma mesinha com vista para as traseiras do hotel e a piscina. Não estava mal.

O Miranda depois de instalado foi tomar um banho, enquanto ele tomava banho sentei-me na cadeira a ver o ambiente. Nas traseiras ficam dois pisos do hotel que tem um terraço jeitoso para cada quarto, inclusivamente no terraço tem camas de praia. Estava na hora do pessoal regressar da praia, tomar um banho e preparar-se para o jantar, então uma mulher na maior das calmas, entra no quarto completamente nua, não sei se ela sabia que tinha a janela do quarto aberta, eu sim sabia porque vi tudo, mas era como a recepcionista, era melhor do que nada.

Fui tomar o meu banho, estava novo. Descemos para jantar. A sala de jantar era enorme, o serviço à mesa não existe é self service. Seguimos os passos das outras pessoas. Para escolher mesa era mais complicado, o Miranda dizia que nos sentávamos em qualquer uma, só que eu via todas as mesas com numeração, estranhamos tal facto. Perguntamos a uma empregada do hotel como era, se podíamos ou não sentar em qualquer mesa, disse que não, mandou-nos falar com o “maitre”. O “maitre” era um homem que tinha cerca de 50 anos, alto e forte. Perguntou-nos se não nos importávamos de ficar com um casal de lusitanos, não era o que pretendíamos, mas demos numa de patriotas e dissemos que tudo bem, lá foi o “maitre” indicar a mesa, quem foi com ele foi o Miranda, eu fiquei por ali a ver o ambiente, quem entrava quem saia, enfim a ver se havia algo que agradasse.

O Miranda ficou um pouco na conversa com os lusitanos, era um casal já velho, eu fui-me servindo, estava já com o prato composto quando o Miranda chegou para se servir, disse-me qual era a mesa, lá fui eu.

Chegado à mesa os velhotes meteram logo conversa, eu que nem sou de muitas falas, dá tive que ir dizendo alguma coisa, quando o Miranda chegou “pegou” na conversa e eu pude jantar sossegado. A sobremesa por ali é que é servida à mesa.

Terminado o jantar dos velhotes eles piraram-se, ficamos a saber que no hotel havia um outro casal de portugueses, só que as refeições desse casal eram mais cedo do que as nossas, ficamos os dois sozinhos, lamentamos a nossa sorte, com tanta mulher por ali, tínhamos que ir parar a uma mesa de portugueses e velhotes. Agora estava feito de nada adiantava lamentar.

Terminamos de jantar, a sala já estava quase vazia, o jantar termina às 20h30m. é muito cedo. Subimos para o bar que fica no piso da recepção, aliás tem mais do que um bar, o Miranda tomou um café, eu comi um Donut, adoro aquilo.

Nesse dito bar tinha um grupo com cerca de uma dúzia de pessoas, entre as quais estava uma rapariga que era muito bonita e com um corpo de não deitar fora, olhava muito e esboçava um sorriso, claro que sendo eu como sou, nunca iria falar com ela, estando ela num grupo daqueles, se estivesse sozinha , seria diferente.

Saímos para apanhar um pouco de ar, não iriamos demorar muito, este dia tinha sido cansativo, fomos andar um pouco para ajudar a digestão.

Demos uma voltinha por Tossa, fiquei a gostar imenso daquilo, é muito bonito. A praia deve ser muito movimentada, a esta hora não tinha quase ninguém, também já era noite, mas havia pessoal a tomar banho.

Subimos ao castelo, ou que foi castelo noutros tempos, agora no cimo tem um farol, aquilo estava tudo iluminado, era bonito de ser visto e fotografado, o que não seria desta vez, tinha deixado a máquina no hotel. A subida ao castelo fez mossa, o cansaço era demasiado, descemos e fomos caminhando pelas ruinhas de Tossa mas sempre em direcção ao hotel, ainda paramos num bar junto à praia a tomar uma cerveja. O sono começava a pedir cama, foi o que fizemos, chegamos ao hotel era meia noite em ponto, subimos para o quarto, deitei-me e não me lembro de nada mais, julgo ter adormecido de imediato.

1 comentário:

  1. E a vantagem destas viagens embora cansativas, mas assim conhecesse muita coisa...

    Não creio... poderiam ter arranjado quem fizesse uma belas massagens!!!!!

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