sábado, 28 de março de 2009

Tossa De Mar - Encontros e Desencontros IV


Segunda Feira, 4 de Agosto de 1997.

Acordamos com o céu encoberto por algumas nuvens, para viajar era bom, para o resto nem por isso.

Após o pequeno almoço na companhia do velhote, a mulher não gostava de se levantar cedo, partimos rumo a França, tínhamos em mente ir até Sete , local que o Eng.º Nuno tinha aconselhado.

Quando partimos o carro já tinha 57138 km. , significa que já tínhamos andado desde que partimos do Porto 1403 km.

Apesar do tempo estar encoberto estava um pouco quente, mas não tanto como nos últimos dias.

Partimos de Tossa com destino a Girona, fomos por uma estrada que anda em obras, a parte que já está concluída é boa, larga e com bom piso, o resto que ainda é a maior parte é estreita e com piso em estado normal, mas mesmo assim muito melhor do que grande parte das nossas estradas. Embora o piso das estradas por aqui não seja mau, ambos achamos que o piso nas estradas das Astúrias é muito melhor.

Alguns Km. antes de Girona paramos num posto para reabastecer o carro, o gasóleo em França está caro e além do mais o carro já tinha acendido a luz da reserva, precisava mesmo de combustível. Quando estávamos no posto de gasolina, parou um Seat já em muito mau estado, era conduzido por uma mulher, tinha um aspecto horroroso.

Continuamos a nossa viagem, era o que mais fazíamos nestas férias, viajar. Entramos na já nossa conhecida NII, seria nela que iriamos até à fronteira.

A paisagem é bonita, é tudo muito arborizado, gosto daquilo. Passamos ao lado de Girona, não deu para ver nada, quase sempre tínhamos a auto estrada a acompanhar a NII, como se andava bem e não se pagava continuamos na NII.

Chegamos a La Jonquera eram 11 horas em ponto, estávamos na fronteira. Dizia o Miranda que era a primeira vez que conduzia em França.

Na fronteira estava uma confusão dos diabos, muito movimento, fazia lembrar quando íamos a Tui aos caramelos e não só, tem muitos supermercados e é só pessoal a fazer compras. Cheguei a ver pessoal com megafone à entrada do seu estabelecimento a fazer publicidade aos seus produtos e preços. Logo que nos foi possível fugimos daquela confusão.

No sentido contrário o transito estava pior, tinha uma fila de Km., decidimos logo ali que no regresso vínhamos pela auto estrada, pelo menos o bocado que atravessava a fronteira.

Começamos a penetrar em terras francesas, o único mapa que tínhamos era o do livro dos parques de campismo, pelo menos até aqui não tinha falhado, esperava que continuasse assim.

Se em Espanha evitávamos a auto estrada, aqui era quase obrigatório fugir delas, devido à cotação do franco, deve ser muito caro, e depois eu só tinha comigo 200 francos, não era nada para eles, para mim eram cerca de 6 mil escudos, já era qualquer coisa. Fomos pela estrada N9, era a continuação da NII espanhola, a auto estrada era a A9. Passamos por pequenas localidades, nada de significativo, significativa mudança estava a ter o tempo, as nuvens que de vez em quando apareciam a manchar o belo azul do céu, esconderam por completo o azul, não deveria faltar muito para chover, o que de facto veio a acontecer pouco depois. Curiosamente o tempo em nada nos desanimou nem afectou a nossa boa disposição, continuamos a nossa caminhada.

Quase sem nos apercebermos entramos em Perpignan, já é uma grande cidade, existem alguns locais bonitos e muito mais deve ter, só deu para ver por onde passávamos, nem paramos. A partir daqui seguíamos as placas que indicavam Narbonne, faltavam muitos km., mas isso para nós não constituía problema de maior, fomos andando. Logo à saída de Perpignan deu um enorme aguaceiro, a visibilidade era diminuta, reduzimos a velocidade. Depois do aguaceiro e não muito longe da cidade tinha algumas prostitutas a atacarem, logo de manhã. A estrada começa a aproximar-se da costa, não dava para ver nada, o tempo estava muito esquisito, encoberto e neblina, tínhamos que aguentar aquilo.

Chegamos a Narbonne, não me pareceu ser uma grande cidade, pelo que vi, Perpignan é outra coisa. O que aqui vi foi o hotel Ibis, já dava para dormir caso houvesse azar.

Seguíamos religiosamente as indicações das placas, sempre que víamos uma placa a mencionar a N9 nós seguíamos a dita, tomamos a direcção de Béziers, fica relativamente próximo de Narbonne, rapidamente lá chegamos. Apesar de ser uma cidade pequena, julgo eu, pelo menos pelo que vi fiquei com essa ideia, é de um estilo diferente de Narbonne, tem alguns edifícios extremamente belos, ainda fotografei de dentro do carro e em andamento um que parecia ser uma igreja.

A saída da cidade de Béziers é esquisita, passamos por cima de um canal onde tinha alguns barcos baixos e largos, tinha visto imenso daquilo em França, noutros locais longe dali, e na Bélgica quando fui a Bremen na Alemanha. A estrada acompanhava esse canal , é uma maravilha andar por ali, talvez por isso de vez em quando passavam alguns barcos, uns dos que foram descritos atrás, outros de turismo. Em turismo andávamos nós mas o Miranda tinha que se agarrar ao volante.

O transito começou a complicar imenso, formavam-se algumas filas que davam para desesperar, não tenho paciência para andar em filas, por mais do que uma vez pensamos seguir uma das muitas placas que indicavam praias, fomos aguentando, afinal pretendíamos chegar a Sete. Mas como tudo na vida a paciência esgota-se, numa outra fila e quando nos faltavam cerca de 20km. para chegar a Sete seguimos a placa que dizia “ Le Cap D’Agde”, nem deu para hesitar.

Nenhum de nós conhecia aquilo nem o Eng.º Nuno tinha feito qualquer referência ao local, era partir em busca do desconhecido. Rapidamente vimos que tinha sido uma boa opção, era tudo muito bonito, tudo limpo, muito ajardinado, e muito bem sinalizado. Por falar em sinais, vimos uma placa que indicava uma zona de naturismo, tínhamos que passar por lá para satisfazer a nossa curiosidade. Ficaria para o fim, agora interessava comer, estava na hora de dar alimento ao corpo. Na véspera tínhamos pedido um piquenique para hoje, um para cada um entenda-se . fomos para um parque de estacionamento gratuito. Veiculo estacionado, preparamos umas sandes com o que nos tinham metido nos sacos, tinha muita coisa, 3 pães, fruta, água, fiambre, presunto, etc., etc., fiz uma sande de fiambre e não comi mais nada, ficaria para depois da praia.

Entre o parque de estacionamento, que era vigiado pela policia e a praia tinha uma pequena duna a separar. Eu levava vestidos uns calções que davam pelos joelhos, não são os meus calções de praia, tinha que mudar de calções, não estive com meias medidas, entre dois carros tirei uns e vesti outros, se alguém viu, não sei nem interessa.

Fomos para a praia, a escolhida foi a que ficava em frente ao parque, “La plage Richelieu”. Tinha um enorme areal. Fomos para um sitio que tinha pouca gente, ou pelo menos estava-se mais à vontade do que nas praias onde já tinha estado. No máximo iria dar para estar ali cerca de duas horas.

Após as toalhas estarem devidamente estendidas e os nossos cabedais começarem a receber os raios solares, demos uma batida visual pela nossa vizinhança. Atrás de nós tinha três mulheres em topless, todas elas loiras, o Miranda ficou “passado” com uma delas, que me parecia ser a mais nova, era uma rapariga bonita em todos os aspectos. Do meu lado direito estavam quatro raparigas francesas, ou pelo menos falavam francês, todas elas também mostravam os seus atributos. A melhor delas era uma mulatinha, tinha umas mamas sensacionais, o biquini era tipo fio dental e na parte traseira tinha um laço, tudo aquilo abria o apetite, uma outra tinha um enorme par de mamas, ela não tem culpa mas eu não gosto daquilo assim, por fim a outra que também era mulatinha acompanhava a colega de cor, não era tão sensual nem tão provocante ,mas tinha um par de “peitorais” fabulosos. E não havia mais nada de realce.

Naquela praia tinha muitos vendedores ambulante, homens e mulheres, até café vendiam. A rapariga das mamas grandes foi comprar uns bolos a um homem que andava com um carrinho, ele começou a mandar umas bocas sobre as mamas da rapariga, pelo menos julgo que era sobre isso pois ele fartava-se de apontar para elas enquanto falava, ela devia gostar pois ria-se em sonoras gargalhadas. Um outro vendedor, rapaz novo, fazia uma festa, andava ali a vender e de telemóvel na cinta, tinha um boné muito esquisito mas engraçado.

Passamos um bocado porreiro ali, infelizmente quando tudo está bom a hora de partida chega depressa. Não me podia vir embora sem pelo menos ver como era a temperatura da água, fui até junto dela, molhei as pernas até aos joelhos, como era boa!, estava quentinha, com água assim certamente tomava alguns banhos se por ali ficasse. Hoje já não dava, nem hoje nem durante estas férias. Quando nos preparávamos para abandonar a praia, chegou um enorme grupo de miúdos, eram cerca de centena e meia com uma meia dúzia de rapazes e raparigas a tomar conta daqueles miúdos todos.

Estenderam uma enorme corda com pequenas bóias no mar, logo na entrada, estavam a limitar a zona para os miúdos tomar banho, ali ninguém se afogava era baixo, podia-se andar bem na água, era plano, para se apanhar alguma profundidade tinha que se andar um bocado jeitoso na água.

À saída da praia bati umas fotos para mais tarde recordar toda aquela beleza, o Miranda estava entretido com a filmagem, apercebi-me que filmou ou tentou filmar a rapariga que lhe deu a volta à cabeça. Voltamos ao carro, o parque estava cheio, já tinha pessoal à espera do nosso lugar.

Arrancamos, íamos ver a tal zona de naturismo, seguimos as placas, ficava do lado oposto. Seguimos as placas, fomos passando por aldeamentos turísticos muito bonitos e se calhar muito caros. Quando chegamos ao dito local de naturismo, deparamos com uma série de agências todas elas relacionadas com o centro naturista. A rua ia direitinha até à recepção do centro de naturismo, o Miranda ficou preocupadíssimo porque dizia ele , “temos de entrar e vamos pagar”, saí do carro e vi uma placa junto da entrada que dizia “sortie”, tranquilizei-o, tinha saída, nunca me tinha preocupado com aquilo, sabia que tinha que existir uma saída.

Começamos a seguir as placas de “sortie”, estávamos de abalada , começavam a ser horas de regressar a “casa”. Como já era um pouco tarde, decidimos fazer a viagem pela “auto route”, A9, era a auto estrada que queríamos, depois entravamos na A7 que já era espanhola.

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