segunda-feira, 30 de março de 2009

Tossa De Mar - Encontros e Desencontros IX

Sábado, 9 de Agosto de 1997.

Tivemos uma noite um pouco atribulada, o telefone interrompeu o nosso descanso, logo esta noite!.

Depois do banho deixamos tudo pronto para partir logo após o pequeno almoço.

Encontramos os velhotes no pequeno almoço, eles pensavam que íamos partir mais tarde. Tomamos o dito, eu pouco comi, nestas ocasiões em que não tenho as coisas bem definidas, perco um pouco o apetite e fico um pouco nervoso. Eles não, comiam com todo o apetite.

Voltamos a repetir a cena da despedida, desta era de vez, não combinamos um possível encontro em Madrid, aconselharam-nos foi a visitar alguns locais.

Subimos ao quarto para apanhar os sacos, quando descemos eles já tinham partido. Na recepção estava a minha amiga, entregamos a chave do cofre e recebi mil pesetas, despedimo-nos com um “Adios”, até qualquer dia.

O carro estava no parque em frente ao hotel, quando entramos fomos pagar e de seguida fomos colocar os sacos na mala do carro. O Miranda fez o que nunca costuma fazer, meter a chave do carro na mala, eu vi mas não dei importância. Tínhamos os sacos devidamente acondicionados na mala, o Miranda fechou a mala, foi o inicio de grandes dores de cabeça, a chave tinha ficado na mala e o carro estava fechado. Sentimo-nos perdidos, por momentos ficamos sem saber o que fazer, bloqueamos por completo, não conseguíamos pensar, estava completamente perdido e demasiado nervoso. O Miranda telefonou para o pai dele, claro que o pai pouco podia dizer, a única coisa que disse é que tentasse estragar o menos possível, pensamos partir um vidro, já imaginava fazer a viagem directa para o Porto, seria uma loucura. Fomos falar com o rapaz que estava na recepção, ele já nos conhecia. Logo que lhe explicamos a situação ele foi chamar um velhote que andava a regar o parque, estávamos demasiado nervosos para fazer o que quer que fosse. Depois do velhote se inteirar da situação, foi buscar uns materiais para tentar abrir a porta do carro. Quando regressou trazia um ferro e um arame. Meteu o ferro para tentar abrir espaço na porta, queria meter o arame para tentar engatar no pino que tranca a porta, estava difícil, o carro a ficar arranhado, felizmente era só por dentro. Após várias tentativas, eis que o homem consegue engatar o arame no pino, só que na altura em que puxava o arame, o pino soltava-se, era preciso apertar um pouco o nó do arame, tirou-se tudo fora, nova tentativa. Finalmente conseguiu-se engatar o ferro no pino, quando se puxou o arame e o pino subiu, foi um respirar fundo, tínhamos as portas abertas, nem sabíamos como agradecer ao homem, apenas demos mil pesetas. Foi o fim de um pesadelo, não sabíamos como resolver a situação se não fosse o velhote. Apesar de tudo aquilo ser relativamente rápido uma hora tinha passado. Estávamos demasiado confusos, era preciso atinar rapidamente, tínhamos umas centenas de km. pela frente e tínhamos que ter muito atenção na estrada.

O Miranda telefonou para o pai dele a dizer que a situação estava resolvida, a porta não tinha nenhum problema pelo menos que fosse visível, a única coisa visível era o carro arranhado mas só se via quando se abria a porta, fomos felizes nesse aspecto, podia ser pior. O homem foi espectacular.

Eram 9h30m. quando finalmente decidimos partir, ao despedirmo-nos do gajo da recepção dizia ele que estávamos com “mala pata”, esperávamos que ela ali ficasse. O carro já tinha 58 233 km. O dia prometia ser quente, nós já estávamos a ferver, era preciso acalmar.

Metemos uma boa música para relaxar, começamos por ouvir o Luís Represas, com a música Feiticeira, logo de seguida ouvimos os Delfins, é a nossa música das viagens, tem sido a nossa fiel companheira na estrada, ambos gostamos dos Delfins e das mesmas músicas, estamos bem sintonizados. O movimento por enquanto não era nada de especial, no entanto aguardávamos complicações lá mais para a frente.

Logo que entramos na A7, o movimento aumentou imenso, aqui sim já se via muita gente com os carros cheios de malas, uns partiam outros chegavam.

Junto a Martorell, voltamos a ter os problemas que tínhamos tido quando aqui chegamos, pensamos que talvez fosse outro acidente, mas não, fomos andando muito devagar, mas não se via nada que justificasse. Abandonamos a auto estrada logo à frente, o caminho até Saragoça era o mesmo que tínhamos feito quando para cá viemos, a estrada era a mesma a NII, só que desta vez íamos nela até Madrid. Algures depois de Monserrat paramos para abastecer o carro, estava a ficar com o depósito vazio, atestamos. Voltamos à estrada. Algumas diferenças existiam em relação à nossa última passagem por estas zonas, havia muito mais movimento e muito mais policia, tínhamos que ter algum cuidado adicional.

Uma centena de km. faltava para chegar a Saragoça quando vimos uns carros parados na estrada, na passagem deu para ver que uma mulher estava a fazer as necessidades dela, ela tanto se tentava esconder que mostrava tudo. Paramos já na periferia de Saragoça, fomos a um bar na estrada comer qualquer coisa, o estômago começava a dar sinais de insatisfação. Entramos no dito estabelecimento, tinha uma sala de refeições, tinha lá pessoal a comer, nós não íamos para aí, estávamos a pensar em comer umas sandes. Pedimos uns “bocadillos” de salsicha, pensei que fosse mais pequeno, fartei-me de comer e ainda deixei quase metade, bebi duas cervejas e estava pronto a continuar a viagem, só faltava pagar, foi com visa. A empregada era uma rapariga nova, bonita mas um pouco obesa.

Começamos a pensar que ainda íamos encontrar os velhotes, não nesta fase mas depois de passar Saragoça, e só depois disso porque pensamos que eles vinham pela auto estrada, nós não viemos mas andamos bem e poupamos umas coroas.

Desta vez passamos por fora de Saragoça, entramos num troço de auto estrada que é gratuito, era de aproveitar, esse troço de auto estrada faz parte da NII e depois de passar Saragoça começa uma auto via que liga Saragoça a Madrid, era por aqui que pensávamos encontrar os velhotes, apesar de terem saído com uma hora de avanço em relação a nós.

O calor apertava , a sede despertava e a paisagem dava sono, é demasiado monótona, torna-se perigoso fazer aquilo sozinho. Por vezes eu quase adormecia, tentei de tudo para me manter acordado, bebia água, falava e até tirei os óculos de sol para com a claridade tentar despertar, de nada valia, o Miranda estava a ficar igual, tivemos que parar dois a três minutos, pelo menos quebrou o ritmo, dessa forma despertamos. Ainda não tínhamos visto nenhum acidente até ao momento, não queríamos que o primeiro que víssemos, nós estivéssemos envolvidos.



1 comentário:

  1. Grande aventura,.... isso era um sinal , queriam que vocês ficassem ...

    mas com muito calor é difícil fazer grandes viagens...ainda mais quando se trata de regresso

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