sábado, 21 de março de 2009

Ferreiros - Cinfães


Sábado, 7 de Junho de 1997.

A Partida estava marcada para as 9h.30m. Aproximadamente por essa hora o Firmino telefonou-me dizendo que estava atrasado, não por culpa dele mas do leitão, íamos levar 2 animais daqueles para o almoço do baptizado do João.

Estava um pouco curioso, nunca tinha ido a Ferreiros, apesar de já ter tido uma ou outra vez convite , só que nunca tinha dado, desta ia mesmo.

O tempo não estava disposto a ajudar , chovia bem, estava a prever um dia muito chato.

A parte inicial da viagem nada trouxe de novo, entramos na auto estrada para abandonar logo na primeira saída, estava o Zé cunhado do Firmino à nossa espera. Saímos mas logo voltamos a entrar, para a abandonarmos definitivamente na saída para o Marco de Canaveses. Pelo caminho ouvi uma música que é fabulosa apesar de não saber quem a canta, diz ,” I Belive I can Fly, I belive I can toucht the sky “. O Firmino dizia que não garantia não se enganar no caminho, como também dizia que a chuva ia passar, quanto a este último ponto eu tinha sérias dúvidas.

O percurso até ao Marco fez-se bem, a parte complicada dizia o Firmino era depois do Marco, eu aguardava para ver.

Ao passar no Marco de Canaveses recordei um dia que ainda estava eu na tropa e fui lá buscar um soldado que estava doente em casa, foi em Vila Boa de Quires, fica fora do Marco mas depois tive que ir mesmo ao Marco, ao posto da G.N.R. .

O centro do Marco estava irreconhecível para mim, também já não passava por lá fazia anos.

O Firmino tinha razão, a percurso depois do Marco começou a piorar, mas não era nenhuma dor de cabeça, complicado começa a ser memorizar os locais onde se vira, nesse ponto começa a complicar para mim que era a primeira vez.

Já o Marco tinha ficado para trás, começou a descida, descida que nos iria levar até ao rio Douro. Como a estrada era estreita, as ultrapassagens tinham que ser feitas com a máxima precaução, o piso em muitos locais tinha sido invadido por terra , terra que foi arrastada pelas chuva que tinha caído e que caía. Como uma “desgraça” nunca vem só à nossa frente apareceu uma camioneta de passageiros de uma fábrica de calçado de Felgueiras, então tudo se complicou e não dava para andar, a mim não fazia diferença, ia apreciando a beleza da paisagem acompanhada pelo cheiro do leitão.

Já se avistava o rio ao fundo quando o motorista decidiu encostar, finalmente deu para ultrapassar. Passei por locais que não aparecem em qualquer mapa, vi uma placa que indicava a barragem do Carrapatelo, dessa já ouvi falar mas nunca lá passei e também não seria desta.

Mais uma placa de povoação mais uma recordação, estava na Pala, Recordo uma senhora que durante muitos anos levava um caixote de fruta a minha casa, essa senhora morava na Pala, não sei o que é feito dela hoje, também nunca soube porque ela nos levava um cesto com fruta todos os anos. Ficou a recordação .

Junto ao rio tinha muitos pescadores, não sei que peixe se pesca por ali, agora que deve dar, deve, visto o número de pescadores que por ali estavam.

Atravessamos o rio, agora seria a parte mais difícil, subidas e ruas estreitas, o piso não era mau de todo, mas as ruas são na realidade muito estreitas, não sei como é se aparece um camião de frente.

A chuva tinha dado algumas tréguas, mas estava a voltar e em força, era uma chatice o baptizado naquelas condições.

Estávamos perto, vi uma placa que indicava faltarem 3 km. para Ferreiros, e a chuva não parava.

Pouco depois chegamos, a casa não se vê da rua, temos que entrar num caminho muito estreito de tal forma que numa curva o carro não a faz logo à primeira, para mim só para a terceira ou quarta vez, e não se pode deixar fugir o carro para trás. Depois dessa curva, mais que apertada, o caminho melhora significativamente, 20 metros à frente temos a “Casa das Pedreiras”, era a casa do Alberto.

O Firmino meteu o carro lá dentro, eu e Fátima não saímos logo do carro, enquanto ali estávamos não apanhávamos chuva, quando decidimos abandonar a viatura a chuva ainda era muita, mas tinha de ser, refugiei-me na cozinha, estava lá o pai do Alberto e o pai da Cristina, o resto do pessoal estava numa sala.

Pouco depois o pessoal decidiu partir para a igreja, o Costa já tinha ido à frente .

A igreja é muito pequena, e extraordinariamente bela, o teto é fabuloso, todo com quadros de santos, nunca tinha visto nada assim. Fiquei surpreendido por ver uma obra de arte “perdida” ali, aquilo é digno de ser visto de ser conhecido, ali pouca gente vê. O padre é um homem novo, calvo e tinha a cabeça com alguns arranhões, mais tarde vim a saber que tinha tido um acidente. A cerimónia do baptizado foi simples e decorreu em bom ritmo, eu como de costume nas igrejas fiquei atrás de toda a gente.

A chuva parecia ter dado tréguas, pelo menos não chovia com a mesma intensidade. O Costa estava ocupado com a filmagem da cerimónia, um primo do Alberto com a parte fotográfica, nem sempre o flash disparava, algumas fotos deveriam sair ou escuras ou tremidas.

Cerimónia terminada , voltamos para casa do Alberto, só que desta vez quase toda a gente deixou os carros na rua. Chegados a casa toda a gente foi para a cozinha comer alguns aperitivos, eu como de costume quando vejo muita coisa pouco como. A chuva aos poucos ia desaparecendo, o Zé estava entretido a fazer um grande tacho de arroz.

Algum tempo depois chegou a hora do almoço, era o leitão com batatas fritas e acompanhado pelo arroz que o Zé tinha feito, estava bom, não fazia do Zé cozinheiro. Na hora da distribuição dos lugares, o pai do Alberto mandou-me sentar junto do cunhado dele, tudo porque ambos somos portistas, como consequência disso fiquei afastado do pessoal que melhor conhecia, mas não havia problema, o pai do Alberto conheço bem e o tio do Alberto é uma pessoa bem disposta, foi um almoço bom. O ponto mais alto durante o almoço foi quando o tio do Alberto começou a contar anedotas. Para animar um pouco mais a festa o sol também apareceu, parece que a chuva se tinha ido embora.

Ainda durante o almoço a mãe do Alberto sugeriu uma visita até ao rio Bestança, julgo ser esse o nome, alguns receberam de bom grado a proposta mas ninguém se decidia, depois do almoço formou-se um grupo e fomos dar uma volta, mas só fomos porque a mãe do Alberto insistiu, e ainda bem.

A calma que reina por ali, tudo muito verdejante, a água abundava, é um cenário muito belo, como é costume por estas regiões as estradas são estreitas e serpenteiam vales e montanhas.

O rio Bestança levava um caudal razoável mas com capacidade para muito mais, pelo menos naquela zona, algum tempo estivemos por ali, o Costa aproveitou para filmar um pouco.

Eu ia com o Alberto, o primo dele e o Zé. Decidiu-se ir até ás portas de Montemuro, fica lá bem no cimo de umas montanhas. Apesar de não chover, e até fazer sol naquela altura, a temperatura era muito baixa, ou como dizia o tio do Alberto, “estava um calor esquisito”. Diz quem sabe que nos dias limpos sem névoa se pode avistar a serra da Estrela . Por lá estava um carro encostado num local mais alto que a estrada e pelo menos um gajo estava lá dentro, a fazer o quê não sei, nem me interessava. Fomos visitar o exterior de uma capela minúscula que existe ali e está protegida por um muro em seu redor, talvez para a proteger do vento e do frio, tendo em conta a idade avançada da capela, sei que é de mil setecentos e qualquer coisa, já é secular.

Não longe dali e num plano mais elevado, tinha algo que parecia um retransmissor, como tinha um caminho em terra batida com algum cascalho à mistura, o Alberto convenceu o primo a ir até lá cima e com o carro. Desconhecíamos que os outros nos seguiam.

Não foi possível chegar ao topo e junto daquilo que pretendíamos ver, o caminho estava cortado, e o pior de tudo é que nem dava para inverter o sentido de marcha, foi preciso vir até cá baixo de marcha atrás . Como na subida éramos nós que liderávamos o grupo, na descida éramos nós que o fechávamos.

Durante a descida o primo do Alberto mandou o carro para a valeta, foi preciso tirar de lá o carro, lá tivemos nós que puxar pelo cabedal. Depois disto estava a visita concluída, era hora de regressar a casa do Alberto. Foi o que fizemos.

Chegados a casa, o pessoal começou a lanchar, alguns já estavam de partida, eu achava que também estava a chegar a nossa hora, mas tinha que esperar que o Firmino se decidisse.

Para passar um pouco o tempo, o Costa esteve a mostrar ao pessoal o resultado das filmagens, ainda o filme não tinha terminado quando o Firmino decidiu vir embora, a Fátima e o Nuno ficavam, vinham com o Zé, eu aproveitei a boleia a vim com o Firmino.

Fui à cozinha despedir-me da Cristina e dar uma lembrança para o João, ainda comi uma fatia de bolo do baptizado, era muito bom.

Despedidas feitas partimos, durante o caminho viemos sempre a falar, ou melhor o Firmino veio quase sempre a falar, eu pouco falava. O caminho de regresso, penso eu, foi feito muito mais rápido, e pareceu-me não ser tão complicado como isso.

Já passava das 20 horas quando cheguei a casa.

1 comentário:

  1. Zona bem bonita!! terra de boa gente!!!
    Têm a sorte de ter como pano de fundo o rio Douro que é magnifico...
    E ainda por cima com os pés de baixo da mesa, melhor, só??? só.....!!!!!

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