sábado, 28 de março de 2009

Tossa De Mar - Encontros e Desencontros V


Terça Feira, 5 de Agosto de 1997.
Dia dedicado ao descanso. Para começar o dia, só nos levantamos quando eram 8 horas, como de costume, um bom banho para acordar, e o pequeno almoço com o velhote. Já estávamos a pensar que o velhote ficava à nossa espera para ter companhia ao pequeno almoço, sim porque a mulher gostava de dormir até tarde. Ficamos a saber que o velhote no dia seguinte ia a França, a culpa era nossa, tínhamos metido o bichinho no velhote. Felizmente ele teve o bom senso de não nos repetir, ia só até Perpignan, para eles já era bom. Nesse mesmo dia nós tínhamos previsto ir até à cidade condal.
O tempo estava encoberto, já tinha chovido e prometia chover mais. Depois do pequeno almoço, fomos para o carro que como de costume estava no parque em frente ao hotel. Na véspera quando chegámos ao parque só tinha um lugar disponível, lugar que até parecia bom, ficava debaixo de uma árvore, e digo parecia porque quando chegamos ao carro vi um batalhão de formigas a caminhar por cima do mesmo, receamos que o carro estava cheio delas no interior, mas não, estava era cheio delas nas borrachas por cima das portas, acho que nunca tinha visto tanta formiga em toda a minha vida, matamos as que pudemos, às outras fomos concedendo mais algum tempo de vida. Começou a chover, achamos que aquilo acabava com o resto. Partimos para Lloret. Diz-se que um mal nunca vem só, parece ser verdade, quando estávamos relativamente próximos de Lloret apanhamos com uma enorme fila de carros, nunca mais nos safávamos, fizemos inversão de marcha e seguimos alguns carros que se meteram num caminho de terra batida, felizmente quem teve essa ideia foi o Miranda, e digo felizmente porque ele ficou arrependido por se ter metido ali, o caminho estava mau e degradava a direcção do carro. Essa rua ia dar mesmo a Lloret, andamos por ali a dar umas voltas até que fomos dar à avenida marginal. Apesar do tempo encoberto e de ameaçar chuva, já tinha chovido em Tossa, havia algum pessoal na praia. O nosso maior problema parecia ser arranjar lugar para estacionar o carro, tivemos que meter num parque de estacionamento. Deixamos o carro, e partimos à descoberta de Lloret. Demos uma volta pelo centro, não nos entusiasmou, mais uma vez confirmamos que tínhamos escolhido um bom hotel num bom lugar.
É um local com muitas diversões, talvez por isso tem muito pessoal novo por ali, muito mais do que em Tossa, isto também tem outras dimensões. Vi uma máquina onde se tiravam fotografias, as fotos que saíam eram do género dos cartazes que se viam nos filmes americanos com os fora de lei, pensei em tirar uma foto para colocar na parede do meu gabinete na empresa, como não tirei na hora passou a oportunidade. Começou a chover, a hora do almoço também estava a chegar.
Quando partimos de Lloret, chovia imenso, vi uma cena na estrada que era de arrepiar, um homem que empurrava um carrinho com uma criança lá dentro, atravessou a rua a correr sem tão pouco olhar para o transito, só de loucos. Regressamos a Tossa, mas não deixamos o carro no mesmo local no parque, ali nunca mais. Apesar de ter chovido imenso não deu para nos molhar. Fomos almoçar, desta vez chegamos ao restaurante e os velhotes ainda não tinham chegado, finalmente conseguimos chegar primeiro.
Para almoçar tive costeletas e frango com caril, estava bom, já tinha adquirido o meu ritmo, estava a comer bem, mas bebia melhor, principalmente à noite, andava a beber demasiada cerveja. No fim do almoço fomos para o quarto descansar um pouco e fazer horas para ir até à praia, adormecemos, acordamos já o relógio andava próximo das 16 horas. Partimos para a praia, íamos descobrir uma das várias praias existentes por ali, principalmente uma que ficava afastada da estrada. Deixamos o carro e começamos a descer a encosta, tinha um caminho em terra batida, fomos seguindo o dito. Começamos a suspeitar daquilo, começamos a ver algumas tendas de campismo metidas no meio do arvoredo, estavam escondidas, mas não se via ninguém. Pouco depois começamos a ouvir vozes, havia gente por ali, já estava a achar muito estranho, tinha carros estacionados na estrada, tinha tendas escondidas e não se via ninguém. As primeiras pessoas que vimos foram uns miúdos que estavam a brincar, logo de seguida vimos dois gajos que vinham nus da praia, apenas confirmou o que suspeitamos quando descíamos, só que quando chegamos à praia, ficamos desiludidos, areal não existia, e tinha mais alguns gajos nus, uma cabana em que estavam dois gajos e um enorme cão, tive azar na escolha da praia. Demos meia volta e tentamos sair dali o mais rápido possível.
Quando nos sentimos relativamente seguros, paramos para tirar umas fotos, é que mais tarde daria para rir da situação. Fotos tiradas continuamos a subida até à estrada. Estávamos já próximo da estrada, quando começamos a ouvir um barulho de fechar portas de carro, o Miranda ficou preocupado, já pensava que estavam a mexer no carro dele, alargou a passada eu segui logo atrás. Chegados à estrada o que víamos era uma carrinha quase a cair de podre, estacionada ao lado do carro, os ocupantes eram dois, um gajo com muito mau aspecto, tipo punk e um cão que metia qualquer um em sentido, foi o que aconteceu ao Miranda, o dono teve de o chamar. Dizia ele que era um gajo de bem e não faziam mal a ninguém, dizer dizia ele mas nenhum de nós acreditou naquilo.
Desaparecemos dali, regressamos ao hotel, durante a curta viagem tive que aturar o Miranda, só lhe faltava soltar-me os cães. Tive azar.
Concordo quando ele dizia ser perigoso andar por ali, o ambiente não era nada recomendável e estávamos com as máquinas de filmar e fotografar. Praínhas por ali nunca mais.
Á noite estava previsto irmos até Playa D’Aro, já começávamos a pensar cancelar essa ida, no dia seguinte íamos a Barcelona e convinha descansar bem, mas depois do jantar decidíamos o que fazer.
Chegados ao hotel, e como ainda era cedo para o jantar, o Miranda foi até à piscina, eu como gosto de água na banheira, fui para o quarto tomar o meu banho, arranjar-me para o jantar e escrever as notas desta viagem, estava eu a escrever as minhas notas, estava o Miranda a filmar desde a piscina.
Quando eu me tinha decidido a ir ter com ele, eis que ele chega ao quarto. Pouco depois descemos para o jantar. Para jantar escolhi umas coisas que pensava eu serem fêveras panadas, pensei mal, era fiambre panado, estava um pouco enjoativo, mas comi alguma coisa. Os velhotes muito falavam, houve uma altura disse o velhote, “ … Ontem à noite, vi os dois a irem em direcção à praia com as sacolas ao ombro! “, as sacolas eram os sacos das máquinas. Dissemos que sim senhor, éramos nós. Tínhamos ido fotografar e filmar. Para hoje não tínhamos previsto essa actividade, até já tínhamos as coisas guardadas no cofre do quarto. O Cofre era alugado, uma semana ficava em 1900 pesetas, tínhamos tanto cuidado que deixávamos a janela aberta e a chave no cofre, pura distracção, felizmente nunca desapareceu nada.
Missão cumprida ao jantar, fizemos companhia ao casal e ainda por cima pus o maître a dizer obrigado em vez do gracias.
Para ajudar a digestão fomos dar uma volta até à marginal de Tossa, eu estava descapitalizado, queria levantar algum dinheiro, andamos por ali a procurar um banco, sabíamos que existia, não sabíamos onde estavam. Estavam nas ruínhas, em pleno centro da vila. Levantei 10 mil pesetas, já estava melhor. Estava decidido que ficávamos por ali nesta noite, fomos até ao “nosso” bar, hoje voltava à tradicional cerveja.
O ambiente no bar estava muito romântico, todas as mesas na esplanada tinha velas acesas, eu apaguei a vela da nossa mesa, eu e o Miranda numa mesa sozinhos à luz da vela, não me estava a ver. Quando pedimos as cervejas ao empregado, voltou a acender a vela, virou costas e eu voltei a apagar. Fiz isto umas três vezes, até que ele se apercebeu que naquela mesa a vela era para estar apagada. O dia também se começava a apagar, fomos para o hotel, um longo dia nos esperava.

1 comentário:

  1. Por um lado chover não faz assim , assim não ficam com pena de não passar mais tempo nas praias maravilhosas que pareciam ser

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